2019
A vida de Santa Edwiges
A vida de Santa Edwiges
Assim se inicia a vida de Santa Edwiges: Bertoldo, marquês de Meran e conde do Tiro, duque da Caríntia e da Ístria, havia se casado com Inês, filha do conde de Rottech. O feliz casal teve vários filhos, dentre os quais Edwiges, nascida em 1174 em Andechs, na Baviera (Alemanha).
Aos seis anos Edwiges foi enviada ao mosteiro de Kicing, para ser educada pelas religiosas. Aos doze anos casou-se com Henrique, duque da Silésia (a maior parte dessa região pertence à atual Polônia), e mais tarde também duque da Polônia, gerando seis filhos (dos quais dois faleceram com pequena idade).
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A temperança, uma virtude sempre perseguida
Assim que completaram vinte anos de vida conjugal Edwiges e seu marido compareceram perante o bispo para prometer continência até o fim de suas vidas. E cumpriram com fidelidade, buscando forças na oração, no jejum e na abstinência (Henrique terminou sua vida trinta anos depois).
Ainda antes de enviuvar Edwiges se havia transferido para o mosteiro de Trebnitz (fundado por seu marido), acompanhada de umas poucas senhoras que a serviam e algumas amigas. Não escolheu para si cômodos luxuosos, optando por morar no fundo do mosteiro: quarto pobre, mobílias pobres; a rica duquesa fez-se pobre entre as pobres religiosas.
Especial consideração pelos membros das famílias religiosas
Diversos mosteiros foram fundados por Edwiges, que atraiu à Silésia religiosos de várias ordens e congregações, inclusive franciscanos e cistercienses, com o que dotou a região de novas formas de espiritualidade.
Edwiges dizia-se uma grande pecadora, mas considerava as religiosas como santas, e assim as coisas que elas usavam eram, para a duquesa, relíquias. A água servida com a qual as religiosas haviam lavado os pés era usada por Edwiges para lavar os olhos, e até toda a cabeça, sendo por vezes ingerida com veneração. Os assentos e genuflexórios usados pelas religiosas eram reverentemente osculados, bem como as toalhas.
Precedência para os pobres
Recusava-se ela a tomar sua refeição antes de dar de comer aos pobres, e o fazia de joelhos. Por vezes, antes de tomar água, passava o copo a um pobre para que a sorvesse antes. Em várias ocasiões propiciou copiosas refeições para os pobres, aos quais pessoalmente servia os alimentos (mas ela, tomando os alimentos somente depois de tê-los servido com precedência, contentava-se com o que havia de mais simples). Alguns filhos de nobres fizeram o sutil comentário: os mendigos comiam melhor nas refeições servidas pela duquesa do que eles nas mesas dos príncipes…
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“Aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração”
Santa Edwiges renunciou a tudo. Sobre a cabeça, não havia coroa nem véus luxuosos; no pescoço ou peito, nada de ricos colares; nos dedos, nenhum luxuoso anel. Essa exterioridade era reflexo da humildade interior. Não mais vestiu trajes coloridos, adotando o cinzento como cor. Ao passo que só nas grandes solenidades mostrava-se melhor vestida do que o habitual, em reverência a Deus.
“Estive preso e Me visitastes”
Os encarcerados e condenados eram motivo de especial atenção de Santa Edwiges. Durante os vários anos em que foi construído o mosteiro de Trebnitz nenhum condenado à morte foi executado: a duquesa conseguiu que eles fossem trabalhar nas obras, permitindo-lhes emendar-se de suas faltas e chegar assim à conversão. E durante os longos anos em que viveu neste mundo dirigiu ela o olhar para os que se encontravam privados da liberdade. Visitava-os e fornecia-lhes roupas e alimentos, apesar de vários deles serem adversários de seu marido.
Protetora das viúvas, órfãos, pobres, peregrinos e endividados
Para as viúvas e órfãos Edwiges era uma mãe, advogada e consoladora. Aos peregrinos que se dirigiam aos Lugares Santos, Edwiges contribuía com dinheiro para suas necessidades de viagem, sentindo-se assim participante das peregrinações e de seus méritos.
Certo dia demorou-se ela mais tempo nas orações, que fazia em seus aposentos. Mendigos, ao lado de fora, depois de longa espera passaram eles a lamentar, em alta voz: “hoje a senhora escondeu-se de nós“, e outras brandas manifestações de pedidos de esmolas. Uma das serviçais informou a Edwiges que os pobres estavam ali se queixando de que a duquesa não lhes dera ainda as esmolas, ao que ela determinou: “vá depressa, pegue o cofre onde está o dinheiro para os pobres, e dê a cada um conforme o Senhor a inspirar“.
Santa Edwiges adquiriu fama como protetora dos endividados porque, quando algumas pessoas estavam nessa situação (ou presos, não podendo pagar os débitos financeiros que haviam contraído), ela saldava as dívidas com seu próprio dinheiro, ou obtinha o perdão para os devedores.
O Paraíso
Santa Edwiges, duquesa da Silésia e da Polônia, deitada em um pobre leito entregou sua alma a Deus em 1243, no dia 15 de outubro. Essa data, como é habitual na Igreja, passou a ser o dia de sua festividade litúrgica, a qual foi depois mudada para o dia seguinte (para dar lugar à comemoração de Santa Teresa de Ávila). Tendo sempre sido humilde e dotada de grande perfeição em vida, Santa Edwiges terá se alegrado, no paraíso, em ver concedida a precedência a essa outra grande santa da constelação da Igreja.
Fontes: Vida de Santa Edwiges (Pe. Ivo Montanhese CSSR, Editora Santuário, 1884; Dix Mille Saints (les Bénédictines de Ramsgate, Brepols, 1991); Heavenly Friends (Rosalie Marie Levy, St. Paul Editions, 1984).
2018
O anel de Nossa Senhora
O anel de Nossa Senhora
Há muitos anos, nos gloriosos períodos em que a Idade Média praticava e amava o teocentrismo, em uma pequena cidade da França, – tão pequena que as poeiras do tempo varreram seu nome – bonita e acolhedora, as pessoas tinham o costume de todas as manhãs saudar os vizinhos com perfumados pães, generosos litros de leites e outras guloseimas, indo muitas vezes enfeitado das mais variadas flores.
Lá se vivia bem. Pela manhã, antes do pleno nascer sol, a grei ia para a matriz assistir o Santo Sacrifício da Missa. A igreja era dedicada a Bonne Pie Iesu, padroeiro raro e creio ser desconhecido por outras igrejas da França, contudo, todos aldeões o estimavam pela sua Bondade em ser chamado de “Bom Piedoso Jesus”, o que acrescenta ao seu Sagrado Nome um tom adocicado e mais suave.
A igreja do Bom Piedoso Jesus era linda! Seu estilo muito se parecia com Saint-Chapelle, salvo as suas devidas proporções áureas e de cores; todos carinhosamente a chamavam “minha chapelle” ou “Saint-Chapelle du Bon Jesu”. Com muita inocência as pessoas diziam que Deus teve a bondade de acolher seu Filho em uma linda igreja, comparando o tamanho da cidade.
O anel Nossa Senhora
De forma harmônica e cândida a disposição da cidade se fazia em forma de circulo tendo a matriz como seu centro e ápice, de tal modo que as outras casas e edifícios – completamente diferente dos que estamos acostumados em nossos dias – iam crescendo de acordo com sua importância ao se aproximarem da igreja, mas nunca ultrapassando ela, nem mesmo a imagem o Bonne Pie Iesu, cuja fronteava ela.
Era pacata a cidadezinha. Todos os dias tinham feira, aonde muitos do campo vinham para fazer trocas e, aproveitavam também, para pôr em dia seus compromissos com o vigário. Nas feiras, como era o costume, dispunha-se o mais próximo da igreja – evidentemente sem profanar o recinto sagrado – alguns músicos e saltimbancos que alegravam a todos e, de uma forma justa, obtinham seu sustento.
Nesta cidade vivia um jovem mancebo jogral, que infelizmente com o nome dele não aconteceu diferente ao da cidade; por isso, entre nós, o chamaremos Jean-Pierre. Apesar de sua idade, uns dezessete anos, já mostrava muito talento, seus truques e com suas artimanhas encantava a todos os espectadores.
De bela aparência. Astuto como uma cobra prestes a dar o bote. Puro como uma pomba. Levava consigo a amostra de seu compromisso com uma dama aldeã: um anel que o pai da moça entregou como prova de seu consentimento. Um magnífico anel banhado a ouro com um rubi incrustado; porém sem sinal para qualquer data de matrimônio. Sua inocente amada, atarefada com seus afazeres domésticos, levava consigo outra réplica desse anel ora no bolso, ora no pálido e delicado dedo; a data de entrega por seu pai a marcara bem, uma vez que, sendo ela que implorou a ele que entregasse a nosso Jean-Pierre.
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Todas as tardes Ágata pedia a visita de Jean-Pierre. Após seus árduos e trabalhosos espetáculos ele ia aos arredores da cidade visitá-la. Casa modesta. Tinha apenas um curral e um simples galinheiro que acrescentavam à moradia deles. Ela esperava na horta de frente a sua casa, próximo ao portão para receber seu amado. Jean chegava, saudava sua amada – como os respeitosos costumes da época pediam – ia de encontro aos pais da moça e voltava ao sua casa, onde teria enfim uma calma noite.
Os dias se passaram. Ágata estava tão entorpecida pela ideia de casar-se que não comentava outra coisa, contudo, Jean apenas desfrutava de seu jocoso labor, sem muito se importar para a empolgação dela.
Certa vez ao raiar o dia, preparando-se para um evento em que a praça estaria repleta, começou seu treino, juntamente com um amigo de malabarismo, Dagobert. Empolgados pela possível multidão e pelo rendimento, iniciaram manobras e manejos novos e mais entusiasmantes. Bolas para um lado. Bastões para outro. Pulos, saltos e piruetas para todos os cantos: “hoje será nosso dia” – pensou Dagobert. Jean, pouco distraído, fazia tudo que seu amigo pedia, porém sem demonstrar entusiasmo.
Ele o inquiriu: “Ei! Jean-Pierre, que tens tu hoje? Andas mais avoado que patos na migração.” “Apenas Ágata me preocupa, Dagobert”, respondeu ele. “Ah, sabia que tinhas algo…”antes de terminar a frase Jean-Pierre contou ele e continuou: “Não sei se devo continuar com ela, ela me ama muito, contudo amigo, minha estima é restrita a ela”. Entre os arremessos, Dagobert, ficou pasmo e exagerando na força, mandou para dentro do lugar sagrado um de seus objetos de apresentação. “Vou eu”, disse Jean. E correndo para a bela igreja do Bom Piedoso Jesus, pôs-se a caça da bola.
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Respeitosamente entrou, fez profunda e piedosa vênia, inclinando a cabeça rezou. Após sua breve oração, iniciou despreocupadamente a procura. Passou de canto a canto da igreja e não encontrou a tal bolinha, parecia ter sido ele a primeira coisa que entrava naquele recinto no dia. Dissipadamente, olhou para as imagens e para os adornos do local: “Oh, como é bela!”, fazia alguns meses que ele não entrava na Igreja, uma vez que acompanhava de fora as missas. Esquecendo completamente de sua missão, começou a passear pela igreja apenas desfrutando do silêncio, ou melhor, da sua conversa com Deus.
Por fim, seguindo mais a frente seus olhar admirando os mármores do chão, ele encontra a bolinha: “Passei aqui tempos atrás, e não estavas aqui?! Porquê se escondes de mim?” E dirigindo-se a ela, inclinou-se e pensou: “Porquê não te vi?” Levantando suavemente seu rosto, deparou-se com um lindo e ornado altar. “Minha Mãe. Nunca vos vi aqui? Passei pela igreja inteira, como não vos notei?” Nesse altar possuía uma imagem de Nossa Senhora, cujas lindas e alvas mãos poucos esticadas à frente convidavam a quem olhasse a abraçar Ela. Jean-Pierre passou vinte minutos olhando aquela piedosíssima imagem, quando escutou: “Pierre, Pierre! O vigário já lhe chamou para ajudar?” “Não, já estou indo”, retrucou o rapaz sem se importar ou atrapalhar sua conversa com Maria Santíssima.
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Tocado por uma moção da graça, viu aquelas lindas mãos estendidas para ele, pegou seu anel, e pôs nos dedos de Nossa Senhora, dizendo: “Minha Mãe, aceitai este presente de amor, é pouco pelo que Vós mereceis, é muito pelo que tenho. Mas que ele seja uma real e profunda prova de meu amor a Vós, com ele estou me entregando”. Quando terminou de colocar o anel nas preciosas mãos d’Ela, o que menos se podia esperar aconteceu, os dedos de Maria Santíssima se juntaram, e sua mão se fechou um pouco: era sinal de pleno consentimento e agrado da Rainha dos Céus. “Eu prometo me consagrar e servir somente a Vós e fazer o bem a todos!” Então, pulando de alegria, foi correndo voltar para o seu treino, mantendo seu segredo entre ele e Deus.
Os dias se passavam, e os aldeões confusos e curiosos por verem o dedo d’Aquela que era a Torre de Humildade, que ostentava tal brilhante e muito menos quem conseguira fazer aquela proeza, sendo que estavam quase fechados os dedos e não passava nada, nem muito menos possuía ranhura ou emenda no anel, ou tão pouco marcas nas mãos. Pois bem, todos um dia esqueceram menos Jean que sabia bem de onde viera aquele anel, e que guardava em seu peito aquele desejo de se entregar a Ela, todos os dias ele A visitava, renovando sua promessa.
“Vigiai e orai” diz o Senhor, infelizmente aquele que não se mune com as armaduras da vigilância ou com as armas da oração, certamente se esquece de seus bons propósitos e derrocar em sua vida espiritual.
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Um ano se passou e Jean-Pierre foi esfriando em sua promessa à Maria Santíssima. Pararam-se as visitas. A vontade se esfriou. Além disso, Ágata forçara o rapaz a pedi-la em casamento.
O noivo jogral manteve pois seu ofício, cujos planos era de ser um ferreiro, ou até mesmo, cavaleiro. Suas vidas rodavam entorno de um só desejo, desposar e constituir uma família.
Um dia antes de receber o sagrado sacramento do matrimônio, sentou-se em sua cama, estava pensando e almejando aquela cerimônia, ao passo que sua imaginação estava levando-o para longas viagens. Inclinando a cabeça e fechando os olhos pôs-se a rezar. Pedia por si, pela sua esposa, pelos seus futuros filhos, pelo seu ofício, enfim, pedia inúmeras bênçãos a Deus.
Fazendo longo e compenetrado “Em nome do Pai”, levantou sua cabeça. Uma luz branca se acendeu vagarosamente a sua frente. Abrindo os olhos, com espanto cético, se deparou com Ela: Maria Santíssima, Aquém fizera a promessa há um ano. Estupefato com a aparição caiu de joelhos, contente por vê-La, Nossa Senhora lhe disse: “Por tão pouco e tão rápido me traístes”.
Abaixando a cabeça, aos poucos aquela aparição desapareceu, e escutou-se apenas o barulho de um objeto cair ao solo: era o anel. Gélido por aquelas palavras, Jean-Pierre caiu em si e percebeu que ele prometeu amor a Ela. O rosto de desgosto de Nossa Senhora estava fixo em sua mente. As lágrimas escorriam de sua face. Então olhou para o anel, anel que antes era sinal de amor, sinal de aprovação, agora virou de desprezo e tristeza.Soltando o anel, abandonado sua casa, saiu correndo Jean, sem rumo algum, apenas se afastando daquela que fez quebrar sua promessa.
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Dias andando, peregrinando as cidades da França, sendo ajudado pelos transeuntes como ele, com alimentação, deparou com uma linda construção de altos muros que tocava um sino e depois de pouco tempo ouvia-se a voz dos cânticos gregorianos. Bateu sem demora na porta. Abriu um frei porteiro, que disse a ele: “Por favor, meu caro frei, ando há dias, não assisto a nenhum sacramento nem converso com Deus. Sou muito pecador e preciso do Santíssimo Sacramento”. “Entre, se é para falar com o Deus tens as portas abertas”. Indicou o caminho a capela e o deixou seguir seu rumo. Logo que entrou, ajoelhou-se, e as lágrimas voltavam a jorrar de sua face. Com o rosto coberto, rezava e chorava, ao ponto de soluçar.
Sentindo que não estava sozinho, controlou seu choro, e destapando o rosto viu uma luz branca – cujo brilho já conhecia – e ouviu aquele divina voz: “Meu filho vem!” E desaparecendo, deixou desta vez, apenas um doce e agradável perfume rosa. Com o rosto sorridente e feliz, se apresentou a Maria Santíssima, e respondendo em exclamações de choros de alegria respondeu Jean: “Sim, minha Mãe! Sim, minha Rainha!”
Assim Jean-Pierre entrou na via religiosa, dedicando ao serviço do próximo e principalmente a vigilância e oração. Tornou-se grande pregador e – por sua facilidade porque era saltimbanco – exímio catequista de crianças. Morreu aos 96 anos com odor de santidade.
Espero que esse lindo artigo sobre o anel de Nossa Senhora lhe tenha feito muito bem espiritualmente.
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