2022
Santa Escolástica – um santo exemplo de irmã gêmea
Santa Escolástica – um santo exemplo de irmã gêmea
Santa Escolástica, alma inocente e cheia de amor a Deus, de quem pouco se conhece, era irmã gêmea do grande São Bento, pai do monacato ocidental, a quem amou com todo o seu coração.
Nasceram Escolástica e Bento em Núrsia, na Úmbria, região da Itália situada ao pé dos montes Apeninos, no ano 480. Como seu irmão, teve ela uma educação primorosa. Modelo de donzela cristã, Escolástica era piedosa, virtuosa, cultivava a oração e era inimiga das vaidades.
Com a morte dos pais, Escolástica vivia mais recolhida no retiro de sua casa. Quando se inteirou que seu irmão deixara o deserto de Subiaco e fundara o célebre mosteiro de Monte Cassino, decidiu ela professar a mesma perfeição evangélica, distribuindo todos os seus haveres aos pobres e partindo com uma criada em busca do irmão.
Encontrando-o, explicou-lhe suas intenções de passar o resto da vida numa solidão como a dele e suplicou-lhe que fosse seu pai espiritual, prescrevendo-lhe as regras que deveria seguir para o aperfeiçoamento de sua alma. São Bento, já conhecendo a vocação da irmã, aceitou-a e mandou construir para ela e a criada uma cela não muito longe do mosteiro, dando-lhe basicamente a mesma regra de seus monges.
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O relato de um Papa Santo guardou para a história a vida de Santa Escolástica
A fama de santidade desta nova eremita foi crescendo e, pouco a pouco, se juntaram a ela muitas outras jovens que se sentiam chamadas para a vida monástica. Colocando-se todas sob a sua direção, juntamente com a de São Bento, formando assim uma nova Ordem feminina, mais tarde conhecida como das Beneditinas, que chegou a ter 14.000 conventos espalhados por todo o Ocidente.
A cada ano, alguns dias antes da Quaresma, encontravam-se Bento e Escolástica a meio caminho entre os dois conventos, numa casinha que ali havia para este fim. Passavam o dia em colóquios espirituais, para então tornarem a ver-se no ano seguinte. Um dos capítulos do livro “Diálogos”, de São Gregório Magno, ajudou a salvar do esquecimento o nome desta grande santa que tem lugar de predileção entre as virgens consagradas. O grande Papa santo narra com simplicidade o último encontro de São Bento e Santa Escolástica, em que a inocência e o amor venceram a própria razão.
O último encontro destes 2 irmãos gêmeos santos
Era a primeira quinta-feira da Quaresma de 547. São Bento foi estar com sua irmã na casinha de costume. Passaram todo o dia falando de Deus. Ao entardecer, levantou-se São Bento decidido a regressar a seu mosteiro, para voltar apenas no próximo ano. Mas, pressentindo que sua morte viria logo, Santa Escolástica pediu ao irmão que passassem ali a noite e não interrompessem tão abençoado convívio. Ao que o irmão respondeu:
– Que dizes? Não sabes que não posso passar a noite fora da clausura do convento?
Escolástica nada disse. Apenas abaixou a cabeça e, na inocência de seu coração, pediu a Deus que lhe concedesse a graça de estar um pouco mais com seu irmão e pai espiritual, a quem tanto amava. No mesmo instante o céu se toldou. Raios e trovões encheram o firmamento de luz e estrondos. A chuva começou a cair torrencialmente. Era impossível subir assim o Monte Cassino naquelas condições. Escolástica apenas perguntou a seu irmão:
– Então, não vais sair? São Bento, percebendo o que se havia passado, perguntou-lhe:
– Que fizeste, minha irmã? Deus te perdoe por isso…
– Eu te pedi e não quiseste me atender. Pedi a Deus e Ele me ouviu – respondeu a cândida virgem.
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Passaram então aquela noite em santo convívio, podendo o santo fundador regressar ao seu mosteiro apenas no outro dia pela manhã. De fato, confirmou-se o pressentimento de Escolástica. Entregou sua alma ao Criador três dias depois deste belo fato. São Bento viu, da janela de sua cela, a alma de Escolástica subir ao céu sob a forma de uma branca pomba, símbolo da inocência que ela sempre teve. Levou o corpo para seu mosteiro e aí o enterrou no túmulo que havia preparado para si próprio. Enfim, alguns meses mais tarde também faleceu São Bento. Ficaram assim unidos na morte aqueles dois irmãos que na vida terrena se haviam unido pela vocação.
Logo após a morte de São Bento muitos milagres e graças começaram sendo alcançadas por intercessão destes 2 grande santos que são irmãos gêmeos e também por meio da Medalha Exorcística de São Bento.
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O último encontro destes 2 irmãos gêmeos santos
Comentando este fato da vida dos dois grandes santos, São Gregório diz que o procedimento de Santa Escolástica foi correto. Deus quis assim mostrar a força de alma de uma inocente, que colocou o amor a Ele acima até da própria razão ou regra. Conforme São João, “Deus é amor” (I Jo 4, 7) e não é de admirar que Santa Escolástica tenha sido mais poderosa que seu irmão, na força de sua oração cheia de amor. “Pôde mais quem amou mais”, ensina São Gregório. Aqui o amor venceu a razão, nesta singular contenda.
Peçamos, acima de tudo, a Santa Escolástica a graça da restauração de nossa inocência batismal. Que cresça o amor a Deus em nossa alma e possamos ter sua força espiritual para dizer com toda propriedade as palavras de São Paulo: “Tudo posso naquele que me conforta” (Fl 4, 13).