2019
Os Milagres de Santa Edwiges
Os milagres de Santa Edwiges
A caridade de Santa Edwiges era imensa e a sua compaixão pelo próximo era movida pelo imenso Temor a Deus, tinha compaixão pelos prisioneiros, e pelos pobres e endividados. Como era muito rica, a duquesa possuía muitas terras e bens e perdoava todas as dívidas e nunca desamparava um pobre que a ela recorresse.
A água transformada em vinho
Santa Edwiges jejuava quase todos os dias, menos nos domingos e dias festivos quando tomava duas refeições. Durante quarenta anos não comeu carne. Seu marido Henrique em uma ocasião em que a santa estava doente pedia a ela que tomasse um pouco de vinho e se alimentasse melhor, mas um criado o informou que Santa Edwiges de não estar obedecendo ao marido. Quando Henrique chegou próximo a mesa onde Edwiges estava se alimentando, pegou de repente o cálice e provou e sentiu o gosto do melhor dos vinhos, os empregados ficaram maravilhadas, pois eles mesmos haviam enchido o copo apenas com água.
A ressurreição e libertação de um ladrão
Certa vez um homem foi condenado à forca por ter cometido um roubo, os parentes do condenado foram recorrer à santa que pediu ao seu marido pelo ladrão. O Duque respondeu que talvez o homem já tivesse sido morto, mas que se ele estivesse vivo seria perdoado. Santa Edwiges imediatamente ordenou a um soldado saísse rapidamente pois aquele homem não morreria.
Enquanto a santa rezava, o soldado chegou no local, mas encontrou o homem pendurado, já sem vida, na forca. Ele, confiando nas palavras da santa, tirou a espada cortou a corda e o homem ressuscitou. O oficial disse a ele: “Graças a nossa santa senhora você foi perdoado”.
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Outra Ressurreição
Certa vez um inimigo de Henrique, homem desonesto e de péssima reputação foi preso e condenado à forca. Para que Edwiges não soubesse da condenação, o duque mandou que o prisioneiro fosse executado na mesma madrugada.
Naquela noite Santa Edwiges havia feito vigília de orações na igreja e, quando já amanhecia, enquanto voltava para casa, ela ficou sabendo da morte do condenado. Ela pediu ao esposo que perdoasse aquele homem e o duque, com a certeza de que ele já estava morto a várias horas, consentiu no pedido da esposa. No mesmo instante, o homem já morto há horas recobrou a vida. A partir de então o duque ordenou que fossem libertados todos os prisioneiros pelos quais a santa esposa pedisse.
Mais uma ressurreição
Dentre os numerosos milagres ocorridos após Santa Edwiges partir desta vida, há o caso do filho do soldado Vitoslau Boresh que tinha sete anos de idade e adoeceu gravemente. A criança não conseguia respirar e estava morrendo. O soldado que serviu à Santa Edwiges pediu nos seguintes termos: “Minha senhora eu a servi durante a sua vida e peço sua intercessão para que meu filho não morra”. Assim que terminou esta prece o menino voltou a respirar e falar e desapareceram os sinais de morte, o fato foi narrado no processo de beatificação da Santa e atestado por testemunhas.
Profetizou que as pessoas viriam até ela após a morte
Santa Edwiges sentia aproximar-se a morte, e sua filha, a abadessa Gertrudes, perguntou a ela onde queria ser sepultada. A santa respondeu que gostaria de ser sepultada em um cemitério comum, mas Gertrudes insistia em dar-lhe um túmulo na igreja. A mãe aceitou e pediu para ser sepultada perto do altar de São Bartolomeu Apóstolo. Nova discussão pois a filha insistia que ela fosse sepultada diante do altar de São Pedro. Edwiges como tinha o dom da profecia disse: “Se fizerem assim, as monjas não terão mais sossego”! E assim o foi pois, desde a morte da santa as multidões acorrem ao seu túmulo.
A Padroeira dos endividados morreu no dia 15 de novembro de 1243. As irmãs se prepararam o corpo da Santa deixaram para a história o registro de que, os lábios frios e azulados de repente tomaram um tom róseo vivo, começaram a brilhar com uma luz celeste e um perfume emanava deles.
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A vida de Santa Edwiges
A vida de Santa Edwiges
Assim se inicia a vida de Santa Edwiges: Bertoldo, marquês de Meran e conde do Tiro, duque da Caríntia e da Ístria, havia se casado com Inês, filha do conde de Rottech. O feliz casal teve vários filhos, dentre os quais Edwiges, nascida em 1174 em Andechs, na Baviera (Alemanha).
Aos seis anos Edwiges foi enviada ao mosteiro de Kicing, para ser educada pelas religiosas. Aos doze anos casou-se com Henrique, duque da Silésia (a maior parte dessa região pertence à atual Polônia), e mais tarde também duque da Polônia, gerando seis filhos (dos quais dois faleceram com pequena idade).
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A temperança, uma virtude sempre perseguida
Assim que completaram vinte anos de vida conjugal Edwiges e seu marido compareceram perante o bispo para prometer continência até o fim de suas vidas. E cumpriram com fidelidade, buscando forças na oração, no jejum e na abstinência (Henrique terminou sua vida trinta anos depois).
Ainda antes de enviuvar Edwiges se havia transferido para o mosteiro de Trebnitz (fundado por seu marido), acompanhada de umas poucas senhoras que a serviam e algumas amigas. Não escolheu para si cômodos luxuosos, optando por morar no fundo do mosteiro: quarto pobre, mobílias pobres; a rica duquesa fez-se pobre entre as pobres religiosas.
Especial consideração pelos membros das famílias religiosas
Diversos mosteiros foram fundados por Edwiges, que atraiu à Silésia religiosos de várias ordens e congregações, inclusive franciscanos e cistercienses, com o que dotou a região de novas formas de espiritualidade.
Edwiges dizia-se uma grande pecadora, mas considerava as religiosas como santas, e assim as coisas que elas usavam eram, para a duquesa, relíquias. A água servida com a qual as religiosas haviam lavado os pés era usada por Edwiges para lavar os olhos, e até toda a cabeça, sendo por vezes ingerida com veneração. Os assentos e genuflexórios usados pelas religiosas eram reverentemente osculados, bem como as toalhas.
Precedência para os pobres
Recusava-se ela a tomar sua refeição antes de dar de comer aos pobres, e o fazia de joelhos. Por vezes, antes de tomar água, passava o copo a um pobre para que a sorvesse antes. Em várias ocasiões propiciou copiosas refeições para os pobres, aos quais pessoalmente servia os alimentos (mas ela, tomando os alimentos somente depois de tê-los servido com precedência, contentava-se com o que havia de mais simples). Alguns filhos de nobres fizeram o sutil comentário: os mendigos comiam melhor nas refeições servidas pela duquesa do que eles nas mesas dos príncipes…
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“Aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração”
Santa Edwiges renunciou a tudo. Sobre a cabeça, não havia coroa nem véus luxuosos; no pescoço ou peito, nada de ricos colares; nos dedos, nenhum luxuoso anel. Essa exterioridade era reflexo da humildade interior. Não mais vestiu trajes coloridos, adotando o cinzento como cor. Ao passo que só nas grandes solenidades mostrava-se melhor vestida do que o habitual, em reverência a Deus.
“Estive preso e Me visitastes”
Os encarcerados e condenados eram motivo de especial atenção de Santa Edwiges. Durante os vários anos em que foi construído o mosteiro de Trebnitz nenhum condenado à morte foi executado: a duquesa conseguiu que eles fossem trabalhar nas obras, permitindo-lhes emendar-se de suas faltas e chegar assim à conversão. E durante os longos anos em que viveu neste mundo dirigiu ela o olhar para os que se encontravam privados da liberdade. Visitava-os e fornecia-lhes roupas e alimentos, apesar de vários deles serem adversários de seu marido.
Protetora das viúvas, órfãos, pobres, peregrinos e endividados
Para as viúvas e órfãos Edwiges era uma mãe, advogada e consoladora. Aos peregrinos que se dirigiam aos Lugares Santos, Edwiges contribuía com dinheiro para suas necessidades de viagem, sentindo-se assim participante das peregrinações e de seus méritos.
Certo dia demorou-se ela mais tempo nas orações, que fazia em seus aposentos. Mendigos, ao lado de fora, depois de longa espera passaram eles a lamentar, em alta voz: “hoje a senhora escondeu-se de nós“, e outras brandas manifestações de pedidos de esmolas. Uma das serviçais informou a Edwiges que os pobres estavam ali se queixando de que a duquesa não lhes dera ainda as esmolas, ao que ela determinou: “vá depressa, pegue o cofre onde está o dinheiro para os pobres, e dê a cada um conforme o Senhor a inspirar“.
Santa Edwiges adquiriu fama como protetora dos endividados porque, quando algumas pessoas estavam nessa situação (ou presos, não podendo pagar os débitos financeiros que haviam contraído), ela saldava as dívidas com seu próprio dinheiro, ou obtinha o perdão para os devedores.
O Paraíso
Santa Edwiges, duquesa da Silésia e da Polônia, deitada em um pobre leito entregou sua alma a Deus em 1243, no dia 15 de outubro. Essa data, como é habitual na Igreja, passou a ser o dia de sua festividade litúrgica, a qual foi depois mudada para o dia seguinte (para dar lugar à comemoração de Santa Teresa de Ávila). Tendo sempre sido humilde e dotada de grande perfeição em vida, Santa Edwiges terá se alegrado, no paraíso, em ver concedida a precedência a essa outra grande santa da constelação da Igreja.
Fontes: Vida de Santa Edwiges (Pe. Ivo Montanhese CSSR, Editora Santuário, 1884; Dix Mille Saints (les Bénédictines de Ramsgate, Brepols, 1991); Heavenly Friends (Rosalie Marie Levy, St. Paul Editions, 1984).