Sacramentais
Os Sacramentais – Definição
“A Santa Mãe Igreja instituiu também os sacramentais. Estes são sinais sagrados por meio dos quais, imitando de algum modo os sacramentos, se significam e se obtêm, pela oração da Igreja, efeitos principalmente de ordem espiritual. Por meio deles, dispõem-se os homens para a recepção do principal efeito dos sacramentos e são santificadas as várias circunstâncias da vida” (CIC 1667)
“Os sacramentais não conferem a graça do Espírito Santo à maneira dos sacramentos; mas, pela oração da Igreja, preparam para receber a graça e dispõem para cooperar com ela. ‘Portanto, a liturgia dos sacramentos e sacramentais oferece aos fiéis bem dispostos a possibilidade de santificarem quase todos os acontecimentos da vida por meio da graça divina que deriva do mistério pascal da paixão, morte e ressurreição de Cristo, mistério onde vão buscar a sua eficácia todos os sacramentos e sacramentais. E assim, quase não há uso honesto das coisas materiais que não possa reverter para este fim: a santificação dos homens e o louvor a Deus.’” (CIC 1670)
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Histórico
Um dos maiores argumentos que apresentam os detratores dos sacramentais é alegar o desconhecimento de sua origem. Entretanto, diz Gaume (1873: 20) que “se se fala da origem histórica, os sacramentais remontam aos tempos apostólicos, e mesmo além”. Inegavelmente, encontram-se diversos documentos que testemunham a existência de muitos deles – como são a oração do Pai Nosso e diversas bênçãos – já nos primeiros tempos do Cristianismo. O próprio Papa Pio IX (1866: 1 apud GAUME, 1873: XIII), em carta ao autor da citação acima, falava com sua Autoridade Apostólica da “veneranda antiguidade” de alguns deles.
O conceituado canonista Luigi Chiappetta (1994: 1086, tradução nossa) não duvida em afirmar que “os sacramentais remontam aos primeiros tempos da Igreja; os mais antigos (o sinal da Cruz e a água benta) aos apóstolos. Os exorcismos foram instituídos pelos próprio Cristo”, o que de fato nos é atestado pela Sagrada Escritura.
Mais ainda, como assinala Abad (2000: 494, tradução nossa) já “no Antigo Testamento, as bênçãos ocupavam um lugar muito destacado na vida e no culto de Israel e eram expressão dum vínculo espiritual do homem com Deus” .
Também é preciso assinalar que já anteriormente ao Nosso Senhor e fora da religião judaica: “As religiões não cristãs chamavam mistério ou sacramento […] a tudo aquilo que unia o relacionava os mortais com a divindade […]. Este conceito o acolheu o cristianismo e, num princípio, deu-lhe um significado vastíssimo: sacramento era tudo quanto entrava, dum modo ou outro no plano divino da salvação e tinha um sentido oculto e uma virtude transcendente”. (MARTÍN, 2002: 1166, tradução nossa).
Devoção Popular
Fora da liturgia dos sacramentos e dos sacramentais, a catequese deve ter em consideração as formas de piedade dos fiéis, bem como a religiosidade popular. O sentimento religioso do povo cristão desde sempre encontrou a sua expressão em variadas formas de piedade, que rodeiam a vida sacramental da Igreja, tais como a veneração das relíquias, as visitas aos santuários, as peregrinações, as procissões, a via-sacra, as danças religiosas, o rosário, as medalhas, etc. (CIC 1674)
Quantos e quais são os sacramentais?
Os Sacramentos da Igreja, como sabemos e vimos, são sete. Já os Sacramentais são numerosos, sendo que muitos teólogos os classificam em seis grupos:
Orans: basicamente são as orações que se costuma rezar publicamente na Igreja, como o Pai Nosso e as Ladainhas.
Tinctus: o uso da água benta e certas unções que se usam na administração de alguns Sacramentos e que não pertencem à sua essência.
Edens: indica o uso do pão bento ou outros alimentos santificados pela bênção de um Sacerdote.
Confessus: quando se reza o Confiteor, individual ou publicamente, para pedir perdão a Nosso Senhor por nossos pecados e falhas, das quais já não nos lembramos mais. Cremos que Deus, já neste ato, nos cumula de graças2.
Dans: esmolas ou doações, espirituais ou corporais, bem como os atos de misericórdia prescritos pela Igreja. – Acima das esmolas que possamos dar, está o bem espiritual que possamos fazer ao próximo. Além desse ato ser um Sacramental, adquirimos uma série de méritos pela caridade fraterna e pelas outras virtudes que a acompanham.
Benedicens: as bênçãos que dão o Papa, os Bispos e os sacerdotes; os exorcismos; a bênção de reis, abades ou virgens e, em geral, todas as bênçãos sobre coisas santas.
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Certos objetos bentos de devoção, como medalhas, velas e escapulários, também são considerados Sacramentais: o Crucifixo, a Medalha de Nossa Senhora das Graças e a Medalha de São Bento estão entre os maiores exemplos, sendo fundamental entender que não são “talismãs” nem “amuletos da sorte”, e sim sinais visíveis de nossa fé. Não agem automaticamente contra as adversidades, como se tivessem “poderes mágicos”, mas são como recursos auxiliares para nos unir ainda mais a Nosso Senhor e devem nos estimular no progresso da fé.
No caso do crucifixo, em sua forma clássica ou na versão de São Damião, representam nossa fé na palavra do Cristo. Diz que todo aquele que quiser segui-lo deve carregar a sua própria cruz.
Sabemos muito bem que a cruz que devemos carregar não é esta pequena peça que trazemos ao pescoço, pendendo de um cordão ou de uma correntinha. Mas é uma maneira de nos lembrarmos sempre disso, além de funcionar como uma espécie de testemunho de nossa fé.
Fonte:
Catecismo da Igreja Católica, Editora Loyola, 2001
D’ELBOUX, Luiz G. Silveira. Doutrina católica 13ª ed., São Paulo: Loyola, 1997, pp. 96-98
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