2024
Santa Genoveva – 03 de Janeiro
Santa Genoveva – virgem | 03 de Janeiro
Santa Genoveva nasceu em Nanterre, próximo de Paris, na França, no ano de 422, dentro de uma família muito simples. Desde cedo, ela foi discernindo o chamado de Deus a seu respeito. Quando tinha apenas 8 anos, um bispo chamado Dom Jermano estava indo da França para a Inglaterra em missão. Passou por Nanterre para uma celebração e, ao dar a bênção para o povo, teve um discernimento no Espírito Santo e chamou aquela menina de oito anos para a vida consagrada. A resposta dela foi de que não pensava em outra coisa desde pequenina.
Santa Genoveva queria ser totalmente do Senhor. Não demorou muito tempo, ela fez um voto a Deus para viver a virgindade consagrada. Com o falecimento dos pais, dirigiu-se a Paris para morar na casa de uma madrinha. Ali, vida de oração, penitência de oferta a Deus para a salvação das almas. Então, ela foi ficando conhecida pelo seu ardor, pelo seu amor e pelo desejo de testemunhar Jesus Cristo a todos os corações.
Incompreendida pelas pessoas, ela chegou ao ponto de de ser defendida pelo mesmo Bispo que a chamou para a vida de consagração. Em Paris, ela ficou gravemente enferma; na doença, na dificuldade, chegou a ficar 3 dias em coma. Mas, em tudo, entregava-se à vontade de Deus. E o seu coração ia se dilatando e acolhendo a realidade de tantos. Uma mulher de verdade.
Por causa da invasão do Hunos em várias regiões, chegou, em Paris, uma história que estava amedrontando toda gente: os Hunos estavam chegando para invadir e destruir a capital. Não era verdade e ela o soube. Então, fez questão de falar a verdade para o povo. Eles a perseguiram e quiseram queimá-la como feiticeira. Mas a sua fidelidade a Deus sempre foi a melhor resposta.
Numa outra ocasião, de fato, os Hunos estavam para invadir e destruir Paris. Santa Genoveva chamou o povo para a oração e penitência; e não aconteceu aquela invasão. A sua fama de santidade e sua humildade para comunicar Cristo Jesus iam cada vez mais longe. Santa Genoveva ia ao encontro de povos, e a influência que tinha era para socorrer os doentes, os famintos, uma mulher de caridade, uma santa. Quantas jovens puderam ser despertadas para uma vocação de virgindade consagrada a partir do testemunho de santa Genoveva! Ela faleceu com quase 90 anos.
Santa Genoveva, rogai por nós!
2024
São Basílio Magno – 02 de Janeiro
São Basílio Magno – bispo e doutor da Igreja | 02 de Janeiro
Hoje, recordamos três nomes e três amigos em Cristo Jesus. Reconhecidos como luminários da Capadócia, região da Turquia, são eles: Gregório; seu irmão de sangue, São Basílio Magno; e o amigo São Gregório Nazianzeno. Dois irmãos de sangue, três grandes amigos em Cristo Jesus.
São Basílio Magno nasceu de uma família santa que buscava testemunhar, na própria vida e na formação dos filhos, o grande amor por Cristo e pela Igreja. Foi assim que, ajudado pelo pai, São Basílio Magno recebeu a primeira formação. Depois, passou por Constantinopla, chegando a estudar em Atenas e formar-se em retórica. A essa altura, mesmo tendo um coração bem semeado pelo Evangelho, ele começou a buscar glórias humanas. É importante percebermos isso na história dos santos. Eles não nasceram santos e não foram obrigados a ser santos; aceitaram este desafio, mesmo que houvesse, em algum período, um desvio. Mas a misericórdia do Senhor sempre nos dará uma nova chance. Foi o que aconteceu com São Basílio.
Ao conhecer o amigo São Gregório Nazianzeno, São Basílio conheceu Cristo mais profundamente e retomou a amizade com Jesus. Ele, que já era muito culto, direcionou todo o seu potencial para Aquele que é a verdade, o Logus, o Verbo que se fez carne, Jesus Cristo, nosso Senhor e salvador. Retirou-se por um tempo dali e pôde viver uma vida de muita oração e penitência. Depois, foi inspirado a aprofundar-se na vida eremítica e também na vida monástica. Visitou o Egito, Síria, Palestina e estudou a ponto de, com seu amigo Nazianzeno, começar uma comunidade monástica.
Aconteceu que, diante da realidade na qual o Arianismo – heresia que afirmava que Jesus Cristo não é Deus – confundia muito as pessoas e ainda era apoiada pelo imperador do Oriente chamado Valente. Enfim, que confusão doutrinal! Nesta altura, em Cesareia, São Basílio, em 370 d.C. foi eleito bispo, sucessor de um dos apóstolos. Homem de caridade e de testemunho, ele pôde combater e ver a verdade vencendo o Arianismo. O imperador não colocava medo nesse homem cheio do Espírito Santo. São Basílio também tinha muitas obras, não era apenas um homem de palavras; cidades de caridade surgiram por meio dele.
Ainda padre, ele já era um testemunho reconhecido, uma autoridade não só pela Igreja, mas pela vida. São Basílio Magno deixou uma riqueza de escritos e, principalmente, a certeza de que amigo de Jesus, felizes nós seremos. Em 379 d.C., ele partiu para o céu e intercede por nós.
São Basílio Magno, rogai por nós!
2024
Santa Maria Mãe de Deus – 01 de Janeiro
Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus | 01 de Janeiro
Oitavas de Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo. Que graça para nós começarmos o primeiro dia do ano contemplando este mistério da encarnação que fez da Virgem Maria a Mãe de Deus!
Este título traz em si um dogma que dependeu de dois Concílios: em 325, o Concílio de Nicéia; e, em 381, o de Constantinopla. Esses dois concílios trataram de responder a respeito desse mistério da consubstancialidade de Deus uno e trino, Jesus Cristo verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
No mesmo século, século IV, já ensinava o bispo Santo Atanásio: “A natureza que Jesus Cristo recebeu de Maria era uma natureza humana. Segundo a divina escritura, o corpo do Senhor era um corpo verdadeiro, porque era um corpo idêntico ao nosso”. Maria é, portanto, nossa irmã, pois todos somos descendentes de Adão. Fazendo a relação deste mistério da encarnação, no qual o Verbo assumiu a condição da nossa humanidade com a realidade de que nada mudou na Trindade Santa, mesmo tendo o Verbo tomado um corpo no seio de Maria, a Trindade continua sendo a mesma; sem aumento, sem diminuição; é sempre perfeita. Nela, reconhecemos uma só divindade. Assim, a Igreja proclama um único Deus no Pai e no Verbo, por isso, a Santíssima Virgem é a Mãe de Deus.
No terceiro Concílio Ecumênico, em 431, foi declarado Santa Maria a Mãe de Deus. Muitos não compreendiam, até pessoas de igreja como Nestório, patriarca de Constantinopla, ensinava de maneira errada que no mistério de Cristo existiam duas pessoas: uma divina e uma humana; mas não é isso que testemunha a Sagrada Escritura, porque Jesus Cristo é o verdadeiro Deus em duas naturezas, e não duas pessoas, uma natureza humana e outra divina; e a Santíssima Virgem é a Mãe de Deus.
Santa Maria Mãe de Deus, rogai por nós!
2023
São Silvestre I – 31 de Dezembro
São Silvestre I – papa | 31 de Dezembro
São Silvestre I apagou-se ao lado de um Imperador culto e ousado como Constantino, o qual, mais que o servir teria antes servido-se dele, da sua simplicidade e humanidade, agindo por vezes como verdadeiro Bispo da Igreja, sobretudo no Oriente, onde recebeu o nome de Isapóstolo, isto é, igual aos apóstolos.
Na realidade, nos assuntos externos da Igreja, o Imperador considerava-se acima dos próprios Bispos, o Bispo dos Bispos, com inevitáveis intromissões nos próprios assuntos internos, uma vez que, com a sua mentalidade ainda pagã, não estava capacitado para entender e aceitar um poder espiritual diferente e acima do civil ou político.
E talvez São Silvestre, na sua simplicidade, tivesse sido o Papa ideal para a circunstância. Outro Papa mais exigente, mais cioso da sua autoridade, teria irritado a megalomania de Constantino, perdendo a sua proteção. Ainda estava muito viva a lembrança dos horrores por que passara a Igreja no reinado de Diocleciano, e São Silvestre, testemunha dessa perseguição que ameaçou subverter por completo a Igreja, terá preferido agradecer este dom inesperado da proteção imperial e agir com moderação e prudência.
Constantino terá certamente exorbitado. Mas isso ter-se-á devido ao desejo de manter a paz no Império, ameaçada por dissenções ideológicas da Igreja, como na questão do donatismo que, apesar de já condenado no pontificado anterior, vê-se de novo discutido, em 316, por iniciativa sua.
Dois anos depois, gerou-se nova agitação doutrinária mais perigosa, com origem na pregação de Ario, sacerdote alexandrino que negava a divindade da segunda Pessoa e, consequentemente, o mistério da Santíssima Trindade. Constantino, inteirado da agitação doutrinária, manda mais uma vez convocar os Bispos do Império para dirimirem a questão. Sabemos pelo Liber Pontificalis, por Eusébio e Santo Atanásio, que o Papa dá o seu acordo, e envia, como representantes seus, Ósio, Bispo de Córdova, acompanhado por dois presbíteros.
Ele, como dignidade suprema, não se imiscuiria nas disputas, reservando-se a aprovação do veredito final. Além disso, não convinha parecer demasiado submisso ao Imperador.
Foi o primeiro Concílio Ecumênico (universal) que reuniu em Niceia, no ano 325, mais de 300 Bispos, com o próprio Imperador a presidir em lugar de honra. Os Padres conciliares não tiveram dificuldade em fazer prevalecer a doutrina recebida dos Apóstolos sobre a divindade de Cristo, proposta energicamente pelo Bispo de Alexandria, Santo Atanásio. A heresia de Ario foi condenada sem hesitação e a ortodoxia trinitária ficou exarada no chamado Símbolo Niceno ou Credo, ratificado por S. Silvestre.
Constantino, satisfeito com a união estabelecida, parte no ano seguinte para as margens do Bósforo onde, em 330, inaugura Constantinopla, a que seria a nova capital do Império, eixo nevrálgico entre o Oriente e o Ocidente, até a sua queda em poder dos turcos otomanos em 1453.
Data dessa altura a chamada doação constantiniana, mediante a qual o Imperador entrega à Igreja, na pessoa de S. Silvestre, a Domus Faustae, Casa de Fausta, sua esposa, ou palácio imperial de Latrão (residência papal até Leão XI), junto ao qual se ergueria uma grandiosa basílica de cinco naves, dedicada a Cristo Salvador e mais tarde a S. João Batista e S. João Evangelista (futura e atual catedral episcopal de Roma, S. João de Latrão). Mais tarde, doaria igualmente a própria cidade.
Depois de um longo pontificado, cheio de acontecimentos e transformações profundas na vida da Igreja, morre S. Silvestre I no último dia do ano 335, dia em que a Igreja venera a sua memória. Sepultado no cemitério de Priscila, os seus restos mortais seriam transladados por Paulo I (757-767) para a igreja erguida em sua memória.
São Silvestre, rogai por nós!
2023
São Rugero – 30 de Dezembro
São Rugero – bispo | 30 de Dezembro
Rugero nasceu entre 1060 e 1070, na cidade de Cane, na Itália. Ele era um homem respeitado e trabalhador, bom, caridoso e muito penitente. Com a morte do bispo de Cane, os fiéis escolheram Rugero para ficar no lugar de pastor. Deste modo, aos 30 anos de idade, Rugero foi consagrado bispo de Cane. Porém, vivia-se um clima não favorável, pós-guerra.
A missão do bispo Rugero era muito difícil. Ele tinha de tratar da sobrevivência da população flagelada pelas epidemias do pós-guerra, assim sendo, transformou sua sede episcopal em hospedaria que ficava aberta dia e noite, abrigando viúvas, peregrinos e viajantes.
Rugero tinha o dom da cura, era incansável, andava por todos os cantos, descalço, dando socorro a todos. De caridade impressionante, Rugero doava tudo o que fosse possível, sua carruagem, por exemplo, para socorrer doentes e transportar vítimas. A Igreja vivia um momento muito conturbado, com religiosos corruptos e os que viviam em santidade. Rugero vivia sua missão com o lema “Tudo para todos”. Era grande conselheiro e sábio, sendo admirado por dois Papas, Pascoal II e Celásio II.
São Rugero morreu no dia 30 de dezembro de 1129, em Cane. Pelos prodígios que aconteciam com as suas orações, Rugero já em vida era considerado taumaturgo. Depois de sua morte, os devotos divulgaram a sua santidade. E, em 1946, São Rugero foi canonizado pela Igreja.
São Rugero, rogai por nós!
2023
São Tomás Becket – 29 de Dezembro
São Tomás Becket – bispo e mártir | 29 de Dezembro
Em 1155, Henrique II, rei da Inglaterra e de parte da França, nomeou seu chanceler Tomás Becket. Oriundo da Normandia, onde nasceu em 1117, e senhor de grande riqueza, era considerado um dos homens de maior capacidade do seu tempo.
Compararam-no a Richelieu, com o qual na realidade se parecia, pelas qualidades de homem de Estado e amor das grandezas. Ficou célebre a visita que fez, em 1158, a Luís VII, rei da França. Quando vagou a Sé de Canterbury, Henrique II nomeou para ela o chanceler. Tomás foi ordenado sacerdote a 1 de junho de 1162 e sagrado Bispo dois dias depois. Desde então, passou a ser a pessoa mais importante a seguir ao rei e mudou inteiramente de vida, convertendo-se num dos prelados mais austeros.
Convencido de que o cargo de primeiro-ministro e o de príncipe da Inglaterra eram incompatíveis, Tomás pediu demissão do cargo de chanceler, o que descontentou muito o rei. Henrique II ficou ainda mais aborrecido quando, em 1164, por ocasião dos “concílios” de Clarendon e Northampton, o Arcebispo tomou o partido do Papa contra ele. Tomás viu-se obrigado a fugir, disfarçado em irmão leigo, e foi procurar asilo em Compiègne, junto de Luís VII. Passou, a seguir, à abadia de Pontigny e depois à de Santa Comba, na região de Sens.
Decorridos quatro anos, a pedido do Papa e do rei da França, Henrique II acabou por consentir em que Tomás regressasse à Inglaterra. Persuadiu-se de que poderia contar, daí em diante, com a submissão cega do Arcebispo, mas em breve reconheceu que muito se tinha enganado, pois este continuava a defender as prerrogativas da Igreja romana contra as pretensões régias.
Desesperado, o rei exclamou um dia: “Malditos sejam os que vivem do meu pão e não me livram deste padre insolente”. Quatro cavaleiros tomaram à letra estas palavras, que não eram sem dúvida mais que uma exclamação de desespero. A 29 de dezembro de 1170, à tarde, vieram encontrar-se com Tomás no seu palácio, exigindo que ele levantasse as censuras que tinha imposto. Recusou-se a isso e foi com eles tranquilamente para uma capela lateral da Sé. “Morro de boa vontade por Jesus e pela santa Igreja”, disse-lhes; e eles abateram-no com as espadas.
São Tomás Becket, rogai por nós!
2023
Santos Inocentes – 28 de Dezembro
Santos Inocentes – mártires | 28 de Dezembro
A festa de hoje, instituída pelo Papa São Pio V, ajuda-nos a viver com profundidade este tempo da Oitava do Natal. Esta festa encontra o seu fundamento nas Sagradas Escrituras. Quando os Magos chegaram a Belém, guiados por uma estrela misteriosa, “encontraram o Menino com Maria e, prostrando-se, adoraram-No e, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes – ouro, incenso e mirra. E, tendo recebido aviso em sonhos para não tornarem a Herodes, voltaram por outro caminho para a sua terra. Tendo eles partido, eis que um Anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe: ‘Levanta-te, toma o Menino e sua mãe e foge para o Egito, e fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o Menino para o matar’. E ele, levantando-se de noite, tomou o Menino e sua mãe, e retirou-se para o Egito. E lá esteve até à morte de Herodes, cumprindo-se deste modo o que tinha sido dito pelo Senhor por meio do profeta, que disse: ‘Do Egito chamarei o meu filho’. Então Herodes, vendo que tinha sido enganado pelos Magos, irou-se em extremo e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e arredores, de dois anos para baixo, segundo a data que tinha averiguado dos Magos. Então se cumpriu o que estava predito pelo profeta Jeremias: ‘Uma voz se ouviu em Ramá, grandes prantos e lamentações: Raquel chorando os seus filhos, sem admitir consolação, porque já não existem’” (Mt 2,11-20) Quanto ao número de assassinados, os Gregos e o jesuíta Salmerón (1612) diziam ter sido 14.000; os Sírios 64.000; o martirológio de Haguenau (Baixo Reno) 144.000. Calcula-se hoje que terão sido cerca de vinte ao todo. Foram muitas as Igrejas que pretenderam possuir relíquias deles.
Na Idade Média, nos bispados que possuíam escola de meninos de coro, a festa dos Inocentes ficou sendo a destes. Começava nas vésperas de 27 de dezembro e acabava no dia seguinte. Tendo escolhido entre si um “bispo”, estes cantorzinhos apoderavam-se das estolas dos cônegos e cantavam em vez deles. A este bispo improvisado competia presidir aos ofícios, entoar o Inviatório e o Te Deum e desempenhar outras funções que a liturgia reserva aos prelados maiores. Só lhes era retirado o báculo pastoral ao entoar-se o versículo do Magnificat: Derrubou os poderosos do trono, no fim das segundas vésperas. Depois, o “derrubado” oferecia um banquete aos colegas, a expensas do cabido, e voltava com eles para os seus bancos. Esta extravagante cerimônia também esteve em uso em Portugal, principalmente nas comunidades religiosas.
A festa de hoje também é um convite a refletirmos sobre a situação atual desses milhões de “pequenos inocentes”: crianças vítimas do descaso, do aborto, da fome e da violência. Rezemos neste dia por elas e pelas nossas autoridades, para que se empenhem cada vez mais no cuidado e no amor às nossas crianças, pois delas é o Reino dos Céus. Por estes pequeninos, sobretudo, é que nós cristãos aspiramos a um mundo mais justo e solidário.
Santos Inocentes, rogai por nós!
2023
São João – 27 de Dezembro
São João – apóstolo e evangelista | 27 de Dezembro
O nome deste evangelista significa: “Deus é misericordioso”: uma profecia que foi se cumprindo na vida do mais jovem dos apóstolos. Filho de Zebedeu e de Salomé, irmão de Tiago Maior, ele também era pescador, como Pedro e André; nasceu em Betsaida e ocupou um lugar de primeiro plano entre os apóstolos.
Jesus teve tal predileção por João que este assinalava-se como “o discípulo que Jesus amava”. O apóstolo São João foi quem, na Santa Ceia, reclinou a cabeça sobre o peito do Mestre e, foi também a João, que se encontrava ao pé da Cruz ao lado da Virgem Santíssima, que Jesus disse: “Filho, eis aí a tua mãe” e, olhando para Maria disse: “Mulher, eis aí o teu filho”. (Jo 19,26s).
Quando Jesus se transfigurou, foi João, juntamente com Pedro e Tiago, que estava lá. João é sempre o homem da elevação espiritual, mas não era fantasioso e delicado, tanto que Jesus chamou a ele e a seu irmão Tiago de Boanerges, que significa “filho do trovão”.
João esteve desterrado em Patmos, por ter dado testemunho de Jesus. Deve ter isto acontecido durante a perseguição de Domiciano (81-96 dC). O sucessor deste, o benigno e já quase ancião Nerva (96-98), concedeu anistia geral; em virtude dela pôde João voltar a Éfeso (centro de sua atividade apostólica durante muito tempo, conhecida atualmente como Turquia). Lá o coloca a tradição cristã da primeiríssima hora, cujo valor histórico é irrecusável.
O Apocalipse e as três cartas de João testemunham igualmente que o autor vivia na Ásia e lá gozava de extraordinária autoridade. E não era para menos. Em nenhuma outra parte do mundo, nem sequer em Roma, havia já apóstolos que sobrevivessem. E é de imaginar a veneração que tinham os cristãos dos fins do século I por aquele ancião, que tinha ouvido falar o Senhor Jesus, e O tinha visto com os próprios olhos, e Lhe tinha tocado com as próprias mãos, e O tinha contemplado na sua vida terrena e depois de ressuscitado, e presenciara a sua Ascensão aos céus. Por isso, o valor dos seus ensinamentos e o peso de das suas afirmações não podiam deixar de ser excepcionais e mesmo únicos.
Dele dependem (na sua doutrina, na sua espiritualidade e na suave unção cristocêntrica dos escritos) os Santos Padres daquela primeira geração pós-apostólica que com ele trataram pessoalmente ou se formaram na fé cristã com os que tinham vivido com ele, como S. Pápias de Hierápole, S. Policarpo de Esmirna, Santo Inácio de Antioquia e Santo Ireneu de Lião. E são estas precisamente as fontes donde vêm as melhores informações que a Tradição nos transmitiu acerca desta última etapa da vida do apóstolo.
São João, já como um ancião, depara-se com uma terrível situação para a Igreja, Esposa de Cristo: perseguições individuais por parte de Nero e perseguições para toda a Igreja por parte de seu sucessor, o Imperador Domiciano.
Além destas perseguições, ainda havia o cúmulo de heresias que desentranhava o movimento religioso gnóstico, nascido e propagado fora e dentro da Igreja, procurando corroer a essência mesma do Cristianismo.
Nesta situação, Deus concede ao único sobrevivente dos que conviveram com o Mestre, a missão de ser o pilar básico da sua Igreja naquela hora terrível. E assim o foi. Para aquela hora, e para as gerações futuras também. Com a sua pregação e os seus escritos ficava assegurado o porvir glorioso da Igreja, entrevisto por ele nas suas visões de Patmos e cantado em seguida no Apocalipse.
Completada a sua obra, o santo evangelista morreu quase centenário, sem que nós saibamos a data exata. Foi no fim do primeiro século ou, quando muito, nos princípios do segundo, em tempo de Trajano (98-117 dC).
Três são as obras saídas da sua pena incluídas no cânone do Novo Testamento: o quarto Evangelho, o Apocalipse e as três cartas que têm o seu nome.
São João Evangelista, rogai por nós!
2023
Santo Estêvão – 26 de Dezembro
Santo Estêvão – diácono e protomártir | 26 de Dezembro
Nos capítulos 6 e 7 dos Atos dos Apóstolos, encontramos um longo relato sobre o martírio de Estêvão, que é um dos sete primeiros Diáconos nomeados e ordenados pelos Apóstolos. Santo Estêvão é chamado de Protomártir, ou seja, ele foi o primeiro mártir de toda a história católica. O seu martírio ocorreu entre o ano 31 e 36 da era cristã. Eis a descrição, tirada do livro dos Atos dos Apóstolos:
“Estêvão, porém, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. Levantaram-se então alguns da sinagoga, chamados dos Libertos e dos Cirenenses e dos Alexandrinos, e dos da Cicília e da Ásia e começaram a discutir com Estêvão, e não puderam resistir à sabedoria e ao Espírito com que ele falava. Subornaram então alguns homens que disseram: ‘Ouvimo-lo proferir palavras blasfematórias contra Moisés e contra Deus’. E amotinaram o povo e os Anciãos e Escribas e apoderaram-se dele e conduziram-no ao Sinédrio; e apresentaram falsas testemunhas que disseram: ‘Este homem não cessa de proferir palavras contra o Lugar Santo e contra a Lei; pois, ouvimo-lo dizer que Jesus, o Nazareno, destruirá este Lugar e mudará os usos que Moisés nos legou’. E todos os que estavam sentados no Sinédrio, tendo fixado os olhares sobre ele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo”.
Num longo discurso, Estêvão evoca a história do povo de Israel, terminando com esta veemente apóstrofe:
“‘Homens de cerviz dura, incircuncisos de coração e de ouvidos, resistis sempre ao Espírito Santo, vós sois como os vossos pais. Qual dos profetas não perseguiram os vossos pais, e mataram os que prediziam a vinda do Justo que vós agora traístes e assassinastes? Vós que recebestes a Lei promulgada pelo ministério dos anjos e não a guardastes’. Ao ouvirem estas palavras, exasperaram-se nos seus corações e rangiam os dentes contra ele. Mas ele, cheio do Espírito Santo, tendo os olhos fixos no céu, viu a glória de Deus e Jesus que estava à direita de Deus e disse: ‘Vejo os céus abertos e o Filho do homem que está à direita de Deus’. E levantando um grande clamor, fecharam os olhos e, em conjunto, lançaram-se contra ele. E lançaram-no fora da cidade e apedrejaram-no. E as testemunhas depuseram os seus mantos aos pés de um jovem, chamado Saulo. E apedrejavam Estêvão que invocava Deus e dizia: ‘Senhor Jesus, recebe o meu espírito’. Depois, tendo posto os joelhos em terra, gritou em voz alta: ‘Senhor, não lhes contes este pecado’. E dizendo isto, adormeceu”.
Santo Estêvão, rogai por nós!
2023
Santa Anastácia – 25 de Dezembro
Santa Anastácia – mártir | 25 de Dezembro
A vida de santa Anastácia, transmitida de geração a geração, desde os primórdios do cristianismo, traz os episódios históricos verídicos mesclados a fatos lendários e às tradições orais. Vejamos como chegou à cristandade no terceiro milênio.
Diocleciano foi imperador romano entre os anos 284 e 305. Na época, Anastácia, filha de Protestato e Fausta, ambos romanos e pagãos, era uma jovem belíssima. Junto com sua mãe, foi convertida à fé cristã por seu professor Crisogono, fururo santo mártir. As duas se dedicavam a ajudar os pobres e à conversão de pagãos.
Com a morte da mãe, o pai lhe impôs o casamento com Públio, um rico pagão da nobreza romana. Mesmo contra a vontade, Anastácia se casou. Logo o marido a proibiu de envolver-se com qualquer tipo de atividade, como era de costume entre as damas da sociedade. Mas ela continuou ajudando os pobres às escondidas e, quando o marido foi informado, puniu-a com crueldade. Foi proibida de sair de casa. Naquele momento, o consolo veio por meio dos conselhos do professor Crisogono, que já era perseguido e acabou sendo preso.
Na ocasião, o imperador Diocleciano nomeou Públio embaixador na Pérsia. Ele partiu deixando Anastácia sob a guarda de Codizo, homem cruel que tinha ordem de deixá-la morrer lentamente. Logo chegou a notícia da súbita morte de Públio. Anastácia foi libertada e soube que seu conselheiro, Crisogono, seria transferido para o julgamento na Corte imperial de Aquiléia. A discípula o acompanhou na viagem e assistiu o interrogatório e, depois, a sua decapitação.
Cada vez mais firme na fé, voltou a prestar caridade aos pobres e a pregar o evangelho de Cristo. Suspeita de ser cristã, foi levada à presença do prefeito de Roma, que tentou fazê-la renunciar à sua religião. Também o próprio imperador Diocleciano tentou convencê-la, mas tudo inútil. Anastácia voltou para a prisão.
Em seguida, Diocleciano partiu para a Macedônia, levando consigo os prisioneiros cristãos, inclusive ela. Da Macedônia foram para Esmirna, na Dalmácia, atual Turquia. Lá, outros cristãos denunciados foram presos. Entre eles estavam a matrona Teodora e seus três filhos, depois também santos da Igreja. A eles Anastácia dispensava especial atenção.
Os carcereiros informaram o imperador, que mandou prender Anastácia durante um mês no pior dos regimes carcerários. No fim do período, ela estava mais bela do que antes, e ainda mais firme na sua fé. Inconformado, o imperador a entregou para ser morta junto com os outros presos cristãos. Anastácia morreu queimada viva, no dia 25 de dezembro de 304, em Esmirna.
Primeiro, o corpo de Anastácia foi enterrado na diocese de Zara; depois, em 460, foi levado para Constantinopla. Seu culto, um dos mais antigos da Igreja, se espalhou por toda a cristandade do Oriente e do Ocidente. Em quase todos os países, existem igrejas dedicadas a ela, e muitas guardam, para devoção dos fiéis, um fragmento de suas relíquias. Sua celebração ocorre tanto no Oriente como no Ocidente, no dia de sua morte, sempre recordada na missa do período da tarde, em razão da festa do Natal de Jesus Cristo.
Santa Anastácia, rogai por nós!