2024
Santa Maria Bertília Boscardin – 20 de Outubro
Santa Maria Bertília Boscardin – religiosa | 20 de Outubro

“É humilde camponesa — disse dela Pio XII, por ocasião da beatificação, a 8 de junho de 1952. Figura puríssima de perfeição cristã, modelo de recolhimento e de oração. Nem êxtases, nem milagres durante a vida, mas uma união com Deus sempre mais profunda no silêncio, no trabalho, na oração, na obediência. Daquela união vinha a especial caridade que ela demonstrava para com os doentes, médicos, superiores, enfim, para com todos”.
Nascida a 6 de outubro de 1888 na paróquia de Gioia di Brendola (Vicência), batizada com o nome de Ana Francisca, desde a meninice dedicou-se aos trabalhos do campo, ajudando seus pais. Este era o caminho para qualquer menina vêneta, antes que as indústrias chegassem. Aos 17 anos Ana Francisca teve a permissão de seguir a própria vocação religiosa ingressando nas Mestras de Santa Doroteia em Vicência. Lá fez o noviciado e emitiu os primeiros votos temporários. Deixou em seguida Vicência e foi para Treviso trabalhar no hospital, onde prestará o seu humilde e ativo serviço até a morte, ocorrida a 22 de outubro de 1922.
Conseguiu o diploma de enfermeira para se tornar mais útil aos doentes, que assistia também de noite, tomando a vez de suas coirmãs. “Quero ser a serva de todos — escreveu no seu diário — quero trabalhar, sofrer e deixar toda a satisfação aos outros’’. E ainda: “Devo considerar-me a última de todas, portanto contente em ser passada para trás, indiferente a tudo, tanto às reprovações como aos elogios, melhor, preferir as primeiras; sempre condescendente às opiniões alheias; nunca desculpar-me, também se penso ter razão; nunca falar de mim mesma; os encargos mais baixos sejam sempre os meus, pois é isso que mereço”. As ocasiões de sofrimentos nunca lhe faltaram.
Aos 22 anos foi operada de tumor. Retomou às costumeiras ocupações suportando aumento de trabalho durante a primeira guerra mundial. Por causa dos contínuos bombardeios, os doentes foram transportados para Brianza e irmã Bertilla os seguiu. Mas em Viggiù foi designada para a lavanderia, sofrendo e chorando às escondidas: “Estou contente — escreveu — porque faço a vontade de Deus’’. Voltando um ano depois a Treviso entre os seus doentes, não aguentou o agravar-se de seu mal e após uma segunda intervenção cirúrgica, morreu. Tinha então trinta e quatro anos. Beatificada em 1952, foi canonizada por João XXIII a 11 de maio de 1961.
Santa Maria Bertília Boscardin, rogai por nós!
2024
São Pedro de Alcântara – 19 de Outubro
São Pedro de Alcântara – presbítero | 19 de Outubro

“Aqueles que são de Cristo crucificaram a própria carne com os seus vícios e concupiscências” (Gal 5,24).
Essa Palavra do Senhor se aplica muito bem a São Pedro de Alcântara, que lembramos hoje. Ele soube vencer o corpo do pecado por meio de muita oração e mortificações. Pedro nasceu em Alcântara, na Espanha, em 1499.
Menino simples, orante e de bom comportamento, estudou na universidade ainda novo, mas soube, igualmente, destacar-se no cultivo das virtudes cristãs, até que, obediente ao Mestre, o casto e caridoso jovem entrou para a Ordem de São Francisco, embora seu pai quisesse para ele o Direito. Pedro foi ordenado sacerdote e tornou-se modelo de perfeição monástica e ocupante de altos cargos, que administrou até chegar, com vinte anos, a superior do convento e, mais tarde, eleito provincial da Ordem.
Franciscano de espírito e convicção, era sempre de oração e jejum, poucas horas de sono, hábito surrado, grande pregador e companheiro das viagens. Como provincial, visitou todos os conventos da sua jurisdição, promovendo uma reforma de acordo com a regra primeira de São Francisco, da qual era testemunho vivo. Conhecido, sem desejar, em toda a Europa, foi conselheiro do imperador Carlos V e do rei João III, além de amigo dos santos e diretor espiritual de Santa Teresa de Ávila; esta, sobre ele, atestou depois da morte do santo: “Pedro viveu e morreu como um santo e, por sua intercessão, conseguiu muitas graças de Deus”.
Considerado um dos grandes místicos espanhóis do século XVI e dos que levaram a austeridade até um grau sobre-humano, entrou no Céu com 63 anos, em 1562, após sofrer muito e receber os últimos Sinais do Amor (Sacramentos), que o preparou para um lindo encontro com Cristo.
São Pedro de Alcântara, rogai por nós!
2024
São Lucas – 18 de Outubro
São Lucas – evangelista | 18 de Outubro

Estamos em festa na liturgia da Igreja, pois lembramos a vida e o testemunho do evangelista São Lucas.
Nasceu em Antioquia da Síria, médico de profissão foi convertido pelo apóstolo São Paulo, de quem se tornou inseparável e fiel companheiro de missão. Colaborador no apostolado, o grande apóstolo dos gentios, em diversos lugares, externa a alta consideração que tinha por Lucas, como portador de zelo e fidelidade no coração. Ambos fazem várias viagens apostólicas, tornando-se um dos primeiros missionários do mundo greco-romano. Tornou-se excepcional para a vida da Igreja por ter sido dócil ao Espírito Santo, que o capacitou com o carisma da inspiração e da vivência comunitária, resultando no Evangelho segundo Lucas e na primeira história da Igreja, conhecida como Atos dos Apóstolos.
No Evangelho segundo Lucas, encontramos o Cristo, amor universal, que se revela a todos e chama Zaqueu, Maria Madalena, garante o Céu para o “bom” ladrão e conta as lindas parábolas do pai misericordioso e do bom samaritano. Nos Atos dos Apóstolos, que poderia também se chamar Atos do Espírito Santo, deparamos com a ascensão do Cristo, que promete o batismo no Espírito Santo, fato que se cumpre no dia de Pentecostes, e é inaugurada a Igreja, que desde então vem evangelizando com coragem, ousadia e amor incansável todos os povos.
Uma tradição – que recolheu no séc. XIV Nicéforo Calisto, inspirado numa frase de Teodoro, escritor do século VI – diz-nos que São Lucas foi pintor e fala-nos duma imagem de Nossa Senhora saída do seu pincel. Santo Agostinho, no século IV, diz-nos pela sua parte que não conhecemos o retrato de Maria; e Santo Ambrósio, com sentido espiritual, diz-nos que era figura de bondade. Este é o retrato que nos transmitiu São Lucas da Virgem Maria: o seu retrato moral, a bondade da sua alma. O Evangelho de boa parte das Missas de Maria Santíssima é tomado de São Lucas, porque foi ele quem mais longamente nos contou a sua vida e nos descobriu o seu Coração. Duas vezes esteve preso São Paulo em Roma e nos dois cativeiros teve consigo São Lucas, “médico queridíssimo”. Ajudava-o no seu apostolado, consolava-o nos seus trabalhos e atendia-o e curava-o com solicitude nos seus padecimentos corporais. No segundo cativeiro, do ano 67, pouco antes do martírio, escreve a Timóteo que “Lucas é o único companheiro” na sua prisão. Os outros tinham-no abandonado. O historiador São Jerônimo afirma que Lucas viveu a missão até a idade de 84 anos, terminando sua vida com o martírio. Por isso, no hino das Laudes rezamos: “Cantamos hoje, Lucas, teu martírio, teu sangue derramado por Jesus, os dois livros que trazes nos teus braços e o teu halo de luz”. É considerado o Padroeiro dos médicos, por também ele ter exercido esse ofício, conforme diz São Paulo aos Colossenses (4,14): “Saúda-vos Lucas, nosso querido médico”.
São Lucas, rogai por nós!
2024
Santo Inácio de Antioquia – 17 de Outubro
Santo Inácio de Antioquia – bispo e mártir | 17 de Outubro

Neste dia, nos deparamos com a fé ardente, doação completa e amor singular o Cristo do mártir Inácio, sucessor de São Pedro em Antioquia da Síria que, desde a infância, conviveu com a primeira geração dos cristãos.
Como Bispo foi muito amado em Antioquia e no Oriente todo porque sua santidade brilhava, tanto que o prenderam devido à sua liderança na religião cristã, durante o Império de Trajano, por volta do ano 107.
Chamado Teóforo – portador de Deus – Inácio, ao ser transportado para Roma, sabia que cristãos de influência na corte imperial poderiam impedi-lo de alcançar Cristo pelo martírio, por isso, dentre tantas cartas que enviara para as comunidades cristãs, com a finalidade de edificá-las, escreveu em especial à Igreja Católica em Roma: “Eu vos suplico, não mostreis comigo uma caridade inoportuna. Permiti-me ser pasto das feras, pelas quais me será possível alcançar Deus, sou trigo de Deus e quero ser moído pelos dentes dos leões, a fim de ser apresentado como pão puro a Cristo. Escutai, antes, as feras, para que se convertam em meu sepulcro e não deixem rasto do meu corpo. Então, serei verdadeiro discípulo de Cristo”.
Nessa mesma carta, há uma preciosa afirmação sobre a presença de Cristo na Eucaristia: “Não encontro mais prazer no alimento corruptível nem nos gozos desta vida, o que desejo é o pão de Deus, este pão que é a carne de Cristo e, por bebida, quero seu sangue, que é o amor incorruptível”.
Santo Inácio escreveu sete cartas: Epístola a Policarpo de Esmirna, Epístola aos Efésios, Epístola aos Esmirniotas, Epístola aos Filadélfos, Epístola aos Magnésios, Epístola aos Romanos, Epístola aos Tralianos.
No ano 107, Santo Inácio foi, de fato, atirado às feras no Coliseu em Roma, e hoje intercede para que comecemos a ter a têmpera dos mártires, a fim de nos doarmos por amor.
Santo Inácio de Antioquia, rogai por nós!
2024
Santa Margarida Maria Alacoque – 16 de Outubro
Santa Margarida Maria Alacoque – virgem e mística | 16 de Outubro

Deus suscitou este luzeiro, ou seja, portadora da luz, que é Cristo, num período em que na Igreja penetrava as trevas do Jansenismo (doutrina que pregava um rigorismo que esfriava o amor de muitos e afastava o povo dos sacramentos). O nome de Santa Margarida Maria Alacoque está intimamente ligado à fervorosa devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Nasceu na França em 1647, teve infância e adolescência provadas e sofridas. Órfã de pai e educada por Irmãs Clarissas, muito nova pegou uma estranha doença, que só a deixou depois de fazer o voto à Santíssima Virgem.
Com a intercessão da Virgem Maria, foi curada e pôde ser formada na cultura e religião. Até que provada e preparada no cadinho da humilhação, começou a cultuar o Santíssimo Sacramento do Altar e, diante do Coração Eucarístico, começou a ter revelações divinas.
“Eis aqui o coração que tanto amou os homens, até se esgotar e consumir para testemunhar-lhe seu amor e, em troca, não recebe da maior parte senão ingratidões, friezas e desprezos”. As muitas mensagens insistiram num maior amor à Santíssima Eucaristia, à Comunhão reparadora nas primeiras sextas-feiras do mês e à Hora Santa em reparação da humanidade.
Jesus revelou o desejo da Festa ao seu Sagrado Coração à religiosa Santa Margarida Maria Alacoque, na França, mostrando-lhe o coração que tanto amou os homens e é por parte de muitos desprezado. Santa Margarida teve como diretor espiritual o padre jesuíta São Cláudio de la Colombiere, canonizado por João Paulo II, e que se incumbiu de propagar a grande Festa.
Leão XIII consagrou o mundo ao Sagrado Coração de Jesus e o Papa Pio XIII recomendou essa devoção, que nos leva ao encontro do Coração Eucarístico de Jesus. Entre as promessas que Jesus fez à Santa Margarida está a das nove primeiras sextas-feiras do mês: aos fiéis que fizerem a comunhão em nove primeiras sextas-feiras de cada mês, seguidas e sem interrupção, prometeu o Coração de Jesus a graça da perseverança final, o que significa que a pessoa nunca deixará a fé católica e buscará a sua santificação. São as chamadas “comunhões reparadoras a Jesus”, pela ofensa que tantas vezes seu Sagrado Coração é tão ofendido pelos homens.
Santa Margarida Maria Alacoque morreu em 1690 e foi canonizada pelo Papa Bento XV em 1920.
Santa Margarida Maria Alacoque, rogai por nós!
2024
Santa Pelágia – 08 de Outubro
Santa Pelágia – virgem e mártir | 08 de Outubro

Esta jovem mártir era muito elogiada por São João Crisóstomo em suas homilias.
Pelágia, de 15 anos, testemunhou de modo muito corajoso sua fidelidade a Cristo.
Durante a perseguição do imperador Diocleciano aos cristãos, em 302, viu-se acusada de cristã. Quando os soldados do imperador foram à sua casa para levá-la ao tribunal que certamente a condenaria porque era cristã, Pelágia pediu-lhes para trocar de roupas. Obtida a licença, subiu ao andar superior e conscientizada do tratamento indigno a que seria exposto seu corpo, para se apresentar incontaminado à presença do Esposo, atirou-se pela janela e foi se rebentar contra a terra.
Santa Pelágia, rogai por nós!
2024
Nossa Senhora do Rosário – 07 de Outubro
Nossa Senhora do Rosário | 07 de Outubro

Esta festa foi instituída pelo Papa Pio V em 1571, quando celebrou-se a vitória dos cristãos na batalha naval de Lepanto. Nesta batalha os cristãos católicos, em meio a recitação do Rosário, resistiram aos ataques dos turcos otomanos vencendo-os em combate.
A celebração de hoje convida-nos à meditação dos Mistérios de Cristo, os quais nos guiam à Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição do Filho de Deus.
A origem do Rosário é muito antiga, pois conta-se que os monges anacoretas usavam pedrinhas para contar o número das orações vocais. Desta forma, nos conventos medievais, os irmãos leigos dispensados da recitação do Saltério (pela pouca familiaridade com o latim), completavam suas práticas de piedade com a recitação de Pai-Nossos e, para a contagem, o Doutor da Igreja São Beda, o Venerável (séc. VII-VIII), havia sugerido a adoção de vários grãos enfiados em um barbante.
Na história também encontramos Maria que apareceu a São Domingos e indicou-lhe o Rosário como potente arma para a conversão: “Quero que saiba que, a principal peça de combate, tem sido sempre o Saltério Angélico (Rosário) que é a pedra fundamental do Novo Testamento. Assim quero que alcances estas almas endurecidas e as conquiste para Deus, com a oração do meu Saltério”.
Essa devoção, propagada principalmente pelos filhos de São Domingos, recebe da Igreja a melhor aprovação e foi enriquecida por muitas indulgências. Essa grinalda de 200 rosas – por isso Rosário – é rezado praticamente em todas as línguas, e o saudoso Papa João Paulo II e tantos outros Papas que o precederam recomendaram esta singela e poderosa oração, com a qual, por intercessão da Virgem Maria, alcançamos muitas graças de Jesus, como nos ensina a própria Virgem Santíssima em todas as suas aparições.
Nossa Senhora do Rosário, rogai por nós!
2024
São Bruno – 06 de Outubro
São Bruno – presbítero | 06 de Outubro

Hoje lembramos o santo que se tornou o fundador da Ordem dos Cartuxos, considerada a mais rígida de todas as Ordens da Igreja, e que atravessou a história sem reformas.
Filho de família nobre de Colônia (Alemanha), nasceu em 1032. Quando alcançou idade foi chamado pelo Senhor ao sacerdócio, e se deixou seduzir. Amigo e admirado pelo Arcebispo de Reims, Bruno, inteligente e piedoso, começou a dar aulas na escola da Catedral desse local, até que já, cinquentenário e cônego, amadureceu na inspiração de servir a uma Ordem religiosa.
Após curto estágio num mosteiro beneditino, retirou-se a uma região chamada Cartuxa com a aprovação e bênção de São Hugo, Bispo de Grenoble, o qual lhe ofereceu um lugar. Isto se deu graças a um sonho que São Hugo teve. Neste sonho, apareciam-lhe sete estrelas que caíam aos seus pés para, logo em seguida, levantarem-se e desaparecerem no deserto montanhoso. Após este sonho, o Bispo recebeu a visita de Bruno que estava acompanhado por seis companheiros monges. Ao ver os sete varões, o Bispo Hugo reconheceu imediatamente neles as sete estrelas do sonho e concedeu-lhes as terras onde São Bruno iniciou a Ordem gloriosa da Cartuxa com o coração abrasado de amor por Jesus e pelo Reino de Deus. Com os monges companheiros, observava-se absoluto silêncio, a fim do aprofundamento na oração e à meditação das coisas divinas, ofícios litúrgicos comunitários, obediência aos superiores, trabalhos agrícolas, transcrição de manuscritos e livros piedosos.
Quando um dos discípulos de São Bruno tornou-se Papa (Urbano II), teve ele que obedecer ao Vigário de Cristo, já que o queria como assessor, porém, recusou ser Bispo e após pedir com insistência ao Sumo Pontífice, conseguiu voltar à vida religiosa, quando juntamente com amigos de Roma, fundou no sul da Itália o Mosteiro de Santa Maria da Torre, onde veio a falecer no dia 6 de outubro de 1101.
As últimas palavras foram: “Eu creio nos Santos Sacramentos da Igreja Católica, em particular, creio que o pão e o vinho consagrados, na Santa Missa, são o Corpo e Sangue, verdadeiros, de Jesus Cristo”.
São Bruno, rogai por nós!
2024
Santa Maria Faustina Kowalski – 05 de Outubro
Santa Maria Faustina Kowalski – virgem e mística | 05 de Outubro

A mística da Misericórdia nasceu no dia 25 de agosto de 1905, em Glogowiec, na Polônia Central. Faustina foi a terceira dos dez filhos do casal Stanislaus, carpinteiro e agricultor, e Marianna Kowalska, que os educaram com grande disciplina espiritual. Muito pobres, só foi possível à Faustina que completasse três anos de estudos. Ela e suas irmãs tinham, por exemplo, apenas um bom vestido que tinham de revezar para ir às missas, cada uma assistia, portanto, a uma missa diferente. Ela também trabalhou de doméstica por um tempo, antes de entrar no convento. Com 18 anos, a jovem Faustina disse à sua mãe que desejava ser religiosa desde a infância, mas os pais não permitiram. Aos 19 anos, estava dançando em um baile quando viu Jesus coberto de chagas parado junto a si, então, Ele lhe disse: “Até quando hei de ter paciência contigo? Até quando tu me enganarás?”. Faustina disfarçou o acontecido para que sua irmã não percebesse e, assim que pode, abandonou discretamente o baile e dirigiu-se até a Catedral de São Estanislau Kostka , lá ela pediu ao Senhor, em oração profunda, que lhe mostrasse o caminho a ser seguido, logo escutou uma voz que lhe dizia: “Vá imediatamente a Varsóvia, lá entrarás em um convento”.
No outro dia, apenas com a roupa do corpo, decidiu sair de sua casa mesmo sem a permissão dos pais. Ela vagou de convento em convento sendo rejeitada por causa de sua baixa escolaridade e pobreza. Depois de várias semanas de busca, a Madre Superiora do convento das Irmãs de Nossa Senhora da Misericórdia decidiu lhe dar uma chance com a condição de que pagasse pelo ingresso, o que a levou a trabalhar como doméstica por um ano, período em que fazia depósitos na conta do convento até que completasse o montante exigido. Em 30 de abril de 1926, aos 20 anos, ingressou no convento adotando o nome de Maria Faustina do Santíssimo Sacramento. O nome Faustina significa abençoada, afortunada e pode ser uma referência ao mártir cristão Faustinus. Segundo conta em seus diários, poucas semanas depois de seu ingresso no convento, teve a tentação de abandoná-lo. Chegou a procurar a Madre Superiora, porém, não encontrou-a, retirando-se então para seu dormitório. Lá teve uma visão de Jesus, com seu rosto desfigurado por conta das chagas. Ela questionou-o: “Jesus, quem te feriu tanto?”. Jesus respondeu: “Esta é a dor que me causarias se tivesses abandonado este convento. É para cá que eu te trouxe e não para outro; e tenho preparadas para ti muitas bênçãos”. Ela compreendeu que o plano de Deus para ela era que ficasse ali. O tempo que lhe sobrava dos trabalhos e obrigações passava-se em adoração ao Senhor culto no tabernáculo; d’Ele recebeu luzes especialíssimas sobre o mistério da Santíssima Trindade e as demais verdades da Fé, de forma que costumava dizer: “Ele é meu Mestre”
Neste convento trabalhou na cozinha e como cuidadora de outras irmãs. Em abril de 1928, fez votos como freira, seus pais estiveram presentes na cerimônia. Um ano mais tarde, Faustina foi enviada a um convento de Vilnius, Lituânia, onde também trabalhou como cozinheira, ficou por pouco tempo, mas retornou ao local mais tarde, ocasião em que encontrou com Michał Sopoćko, que apoiou sua missão. Um ano depois de seu retorno de Vilnius, em maio de 1930, ela foi transferida para um convento em Płock na Polônia, onde ficou por cerca de 5 anos.
Em 22 de fevereiro de 1931, Irmã Faustina relatou, em seus diários (diário I, sessões 47, 48 e 49), ter tido a primeira revelação de Jesus enquanto Rei da Divina Misericórdia em seu quarto. Segundo ela, Jesus apareceu vestido de branco e de seu coração emanava feixes de luz vermelho e branco. Entre outras coisas, Jesus pediu-lhe que pintasse uma imagem sua, fiel à imagem que se mostrava a ela, tal imagem deveria conter a inscrição: “Jesus, eu confio em vós”. Jesus manifestou a vontade de que esta imagem fosse venerada, primeiro, em sua capela, posteriormente, no mundo todo e solenemente no domingo que sucede ao domingo de Páscoa, Jesus ainda teria dito a ela que quem quer que venerasse tal imagem seria salvo. Por não saber pintar, Faustina solicitou ajuda das irmãs de seu convento, contudo, não recebeu nenhum auxílio. Em 1933, ela começou a ser dirigida pelo Padre Sopoćko, que, ao ouvir suas experiências místicas, procurou submetê-la a avaliações psiquiátricas. Depois que a Dra. Helena Maciejewska deu o parecer de sanidade, padre Sopoćko teve confiança e começou a aconselha-la. Pediu que escrevesse um diário para registrar as mensagens que recebia e conversas que tinha com Jesus, livro que se tornou mundialmente famoso e um verdadeiro guia espiritual para as almas. Faustina contou ao padre sobre a imagem da Divina Misericórdia em janeiro de 1934, ele a apresentou ao artista plástico Eugene Kazimierowski, que finalizou a obra em junho desse mesmo ano. Entretanto, a imagem que tornou-se famosa no mundo inteiro foi realizada pelo pintor Adolf Hyła, feita em agradecimento pela salvação de sua família da guerra.
Ela intuía que, por um tempo, suas mensagens seriam suprimidas, mas depois retomadas (ibidem. n. 378). Foi o que ocorreu por parte da Igreja, em vista da prudência, porém, em 1966, reassumiram sua riqueza. Também escreveu as regras para uma nova congregação que fora negada pelo bispo que a cuidava, era um movimento de natureza contemplativa e devotada a Misericórdia Divina, que futuramente seria fundado. Faustina escreveu (n. 476) a respeito de uma visão envolvendo o Terço da Divina Misericórdia, o propósito das orações do terço são: obter misericórdia, confiar na misericórdia de Cristo e mostrar misericórdia para com os outros. Também relatou (n. 1044) que teve uma visão na qual a Festa da Divina Misericórdia seria celebrada na sua capela local e seria assistida por uma multidão de fiéis; e que a mesma cerimônia também teria lugar em Roma e seria conduzida pelo Papa. Em 1937, Faustina recebeu uma mensagem de Jesus com instruções sobre a Novena da Divina Misericórdia. Esse ano foi marcado pela divulgação das mensagens da Divina Misericórdia, foram impressos os primeiros cartões com a imagem da Divina Misericórdia, também foi publicado um panfleto intitulado Cristo, o Rei da Misericórdia, que incluía o terço, a novena e a litania da Divina Misericórdia.
Santa Faustina sofreu muito por muitos anos com a tuberculose, os dez últimos anos de sua vida foram particularmente atrozes. No dia 5 de outubro de 1938, sussurrou à irmã enfermeira: “Hoje, o Senhor me receberá”. E assim aconteceu. Foi beatificada a 18 de abril de 1993 pelo Papa João Paulo II, Santa Faustina, a “Apóstola da Divina Misericórdia”; e foi canonizada pelo mesmo Sumo Pontífice no dia 30 de abril de 2000.
Doze Promessas da Divina Misericórdia: Pela veneração da imagem, a alma que venera essa imagem não perecerá. Pela imagem, a alma será defendida como glória de Cristo. Pela imagem, terá um vaso com o qual pode buscar graças na fonte da Misericórdia. Pela imagem, a alma que vive à sombra [dos raios da Misericórdia] não será atingida pelo braço da justiça de Deus. Pela Hora da Divina Misericórdia (D. 1320), nada será negado à alma que o peça pelos méritos da Sua Paixão. Pela Divulgação da Divina Misericórdia, durante toda a vida, a alma será defendida por Cristo como uma terna mãe defende seu filhinho e, na hora da morte, Ele não será, para elas, Juiz, mas o Salvador Misericordioso. Por se aproximar da Fonte da Vida no dia da Festa da Divina Misericórdia, alcançará perdão total das culpas e das penas. Pela Novena, as almas apresentadas a Cristo (as mencionadas na novena) receberão força, alívio e todas as graças de que necessitam nas dificuldades da vida e, especialmente, na hora da morte. Pelo Terço da Divina Misericórdia, serão envolvidas pela Sua Misericórdia durante a sua vida e, de modo particular, na hora da morte. Pelo Terço da Divina Misericórdia, Cristo se compraz em dar tudo o que Lhe peçam. Pelo Terço da Divina Misericórdia, os pecadores empedernidos (quando o rezem) terão suas almas preenchidas de paz, e a hora da sua morte será feliz; As almas que recorrem à Divina Misericórdia e as almas que a glorificam e anunciam, na hora da morte, serão tratadas de acordo com a Sua infinita misericórdia.
Santa Faustina, rogai por nós!
2024
São Francisco de Assis – 04 de Outubro
São Francisco de Assis – religioso | 04 de Outubro

Filho de Pedro e Dona Pica Bernardone, Francisco nasceu entre 1181 e 1182, na cidade de Assis, Itália. Seu pai era um rico e próspero comerciante. Foi batizado em Santa Maria Maior com o nome de João (Giovanni). Mas quando Pietro Bernardone voltou de uma viagem à França, mudou de ideia e resolveu trocar o nome do filho para Francisco, prestando uma homenagem àquela terra. Segundo a maioria dos biógrafos de São Francisco, o caráter e as qualidades melhores lhe vieram da mãe. Como todo jovem ambicioso de sua época, Francisco desejava conquistar, além da fortuna, também a fama e o título de nobreza. Para tal, fazia-se necessário tornar-se herói em uma dessas frequentes batalhas. No ano de 1201, incentivado por seu pai, ele partiu para uma guerra que os senhores feudais haviam declarado contra a Comuna de Assis.
Entre 1202 e 1205 encontramos um Francisco inquieto. Não é apenas a consequência de uma doença longa e misteriosa. É a inquietude de quem está incerto quanto ao sentido de sua vida. Ele decide ser cavaleiro e vai em nome da honra defender a Igreja e seus interesses, convocados pelo Papa Inocêncio III. Na cidade de Espoleto, sintomas de febre fizeram com que Francisco não pudesse partir. Ali pensou ter ouvido a voz do Senhor, com quem dialogou: “Francisco, o que é mais importante, servir ao Senhor ou servir ao servo? Servir ao Senhor, é claro. Respondeu o jovem. Então, por que te alistas nas fileiras do servo? Senhor, o que quereis que eu faça? Volta a Assis e ali te será dito, diz a Voz”.
Em busca de respostas, decidiu viajar para Roma, isso no ano de 1205. Visitou a tumba do Apóstolo São Pedro e exclamou: “É uma vergonha que os homens sejam tão miseráveis com o Príncipe dos Apóstolos!” E jogou um grande punhado de moedas de ouro, contrastando com as escassas esmolas de outros fiéis menos generosos. A seguir, trocou seus ricos trajes com os de um mendigo e fez sua primeira experiência de viver na pobreza. Voltou a Assis, à casa paterna, entregando-se ainda mais à oração e ao silêncio.
Em 1206, passeando a cavalo pelas campinas de Assis, viu um leproso, repugnante à vista e ao olfato, lhe causando nojo. Mas, então, movido por Deus, colocou seu dinheiro naquelas mãos sangrentas e deu-lhe um beijo. Falando depois a respeito desse momento, ele diz: “O que antes me era amargo, mudou-se então em doçura da alma e do corpo. A partir desse momento, pude afastar-me do mundo e entregar-me a Deus”. Pouco depois, entrou para rezar e meditar na pequena capela de São Damião, semidestruída pelo abandono. Estava ajoelhado em oração aos pés de um crucifixo quando uma voz, saída do crucifixo, lhe falou: “Francisco, vai e reconstrói a minha Igreja que está em ruínas”.
Seu Pai se indignava cada vez mais e resolveu exigir que seu filho lhe devolvesse tudo quanto recebera dele, levou perante o bispo para que o julgasse. Francisco, ciente da sentença de Cristo: “Quem ama o seu pai ou a sua mãe mais que a Mim, não é digno de Mim” (Mt 19,29), sem vacilar um momento se despojou de tudo até ficar nu, jogou os trajes e o dinheiro aos pés de seu pai, e exclamou: “Até agora chamei de pai a Pedro Bernardone. Doravante não terei outro pai, senão o Pai Celeste”. O Bispo, então, o acolheu. Daquele momento em diante, cantando “Sou o arauto do Grande Rei, Jesus Cristo”, afastou-se de sua família e de seus amigos e entregou-se ao serviço dos leprosos, e à reconstrução das Capelas da cidade.
Quando estava quase encerrando a reconstrução da capelinha de Santa Maria dos Anjos, perguntava-se o que faria, o que Deus quereria dele. Então, certo dia, Francisco escutou, durante a missa, a leitura do Evangelho: “sem túnicas, sem bastão, sem sandálias, sem provisões, sem dinheiro no bolso …” (Lc 9,3). Tais palavras encontraram eco em seu coração e foram para ele como intensa luz. E exclamou, cheio de alegria: “É isso precisamente o que eu quero! É isso que desejo de todo o coração!” E sem demora começou a viver, como o faria em toda a sua vida, a pura letra do Evangelho. Repetia sempre para si e, mais tarde, também para seus companheiros: “Nossa regra de vida é viver o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo”!
A partir de então, Francisco saiu a pregar percorrendo as vizinhanças e levando o Evangelho. Não tinha intenção nenhuma de adquirir seguidores, somente viver sua vida austera e evangelizar. Porém, logo Bernardo de Quintaval se juntou a ele e pelo caminho juntou-se aos dois Pedro de Catânia. Por três vezes abriram o livro do Evangelho, e as três respostas que encontraram foram as seguintes: “Se queres ser perfeito, vende o que tens e dá-o aos pobres. Depois vem e segue-me” (Mt 19,21). “Não leveis nada pelo caminho, nem bastão, nem alforge, nem uma segunda túnica…” (Lc 9,3). “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz cada dia e siga-me” (Mt 16,24). “Isto é o que devemos fazer, e é o que farão todos quantos quiserem vir conosco” – exclamou Francisco, que subitamente viu brilhar uma luz sobre o caminho que ele e seus companheiros deveriam seguir. Finalmente encontrou o que por tanto tempo havia procurado! Isto aconteceu a 24 de fevereiro de 1208, dando início à fundação da Fraternidade dos Irmãos Menores.
Em 1209, Francisco e seus companheiros foram até o Papa Inocêncio III para pedir a aprovação de seu carisma. Ele ficou maravilhado com o propósito de vida daquele grupo e, especialmente, com a figura de Francisco, a clareza de sua opção e a firmeza que demonstrava. Reconheceu nele o homem que há pouco vira em sonho, segurando as colunas da Igreja de Latrão, que ameaçava ruir. O Papa reconheceu que era o próprio Deus quem inspirava Francisco a viver radicalmente o Evangelho, trazendo vida nova a toda a Igreja. Por isso, deu a seu modo de viver o Evangelho a aprovação oficial. Autorizou Francisco e seus seguidores a pregarem o Evangelho nas igrejas e fora delas.
Francisco inspirou Clara para a santidade, dela surgiu as clarissas. Tomás de Celano diz: “Então, se submeteu toda ao conselho de Francisco, tomando-o como condutor de seu caminho, depois de Deus. Por isso, sua alma ficou pendente de suas santas exortações, e a acolhia num coração caloroso tudo que ele lhe ensinava sobre o bom Jesus. Já tinha dificuldade para suportar a elegância dos enfeites mundanos, e desprezava como lixo tudo que aplaudem lá fora, para poder ganhar a Cristo”.
Todos os anos, de 15 de agosto a 29 de setembro, Francisco tinha o costume de preparar-se com uma quaresma de oração e jejum para a festa de São Miguel Arcanjo. No ano de 1224, ele teve a visão do Serafim alado e recebe os estigmas. Seu estado de saúde piora muito a partir daí. Era final de agosto, em 1226, pede para ser levado à Porciúncula. No dia 3 de outubro, à tarde, Francisco, morreu cantando “mortem suscepit”. No domingo seguinte é sepultado na igreja de São Jorge, na cidade de Assis. No dia 16 de julho de 1228, Francisco foi canonizado pelo Papa Gregório IX. Tornou-se o padroeiro dos animais, pela sua admiração e relação estreita com a natureza. Também foi elevado a padroeiro principal da Itália, em 1939 por Pio XII.
São Francisco de Assis, rogai por nós!