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2024
Santo Antônio de Pádua
Santo Antônio de Pádua
Corria o ano de 1221. No austero convento franciscano de Forli, Itália, encontravam- se reunidos alguns filhos de São Francisco e de São Domingos para uma celebração litúrgica, durante a qual vários religiosos receberam o Sacramento da Ordem. No final da mesma, o Provincial dos Frades Menores pediu que um dos Irmãos Pregadores pronunciasse as palavras de encerramento. Todos, porém, esquivaram-se da honra, pois ninguém tinha preparado aquele discurso e o improviso nem sempre é aconselhável em ocasiões solenes…
Para remediar a situação, o Provincial dos franciscanos decidiu incumbir do encargo a qualquer um dos seus subalternos, confiando na inspiração da graça. E designou para isto um frade português que desempenhava a função de ajudante de cozinha no Eremitério de São Paulo. Com a simplicidade das almas acostumadas à obediência, o humilde religioso, até então em silêncio, se dispôs a cumprir a ordem. E o fez, diante da surpresa geral, fazendo perfeito uso da língua latina.
Vencida a timidez inicial, as palavras daquele irmão, fundadas nas Escrituras, foram adquirindo cada vez maior brilho, fogo e clareza. E, ao terminar, ninguém mais se lembrava do fato de ser ele um apagado cozinheiro, transmudado diante de todos, agora, num insigne predicador.
Assim se iniciou a vida pública de Santo Antônio de Pádua. A batalha contra si mesmo e contra o mal, conduzida até aquele momento na solidão e austeridade do claustro, tomava ali uma proporção missionária. Deus o chamava a evangelizar as multidões, auxiliando-as, através do ministério da palavra, na perpétua e ferrenha luta do homem contra o pecado.
Luta? Talvez alguém estranhe ouvir falar dela na vida de um santo cujas imagens sorridentes nos levam a imaginá-lo sempre cheio de alegria, doçura e consolo. Entretanto, o combate contra os próprios defeitos e contra o mal é inseparável companheiro do homo viator, em consequência do pecado original. E jamais conseguiremos compreender a espiritualidade de um bem-aventurado sem analisarmos nele esse aspecto essencial e onipresente em nossa existência neste vale de lágrimas: a luta, o combate, o sofrimento.
Nas pegadas de Santo Agostinho
Não havia passado meio século desde que a capital lusa fora reconquistada por Dom Afonso Henriques, quando aí nasceu, por volta de 1193, Fernando Martins, o futuro Santo Antônio de Pádua… Ou de Lisboa, como costumam chamá-lo os portugueses que se ufanam, com toda razão, de tão ilustre compatriota.
Aos quinze anos, tendo ouvido com nitidez o chamado de Deus para a vida religiosa, incorporou- -se à Ordem dos Cônegos Regrantes de Santo Agostinho, no Mosteiro de São Vicente de Fora, erigido em agradecimento pela conquista da cidade. Abraçava esta decisão não para fugir das obrigações militares próprias de um fidalgo, mas sim para aprimorar-se na luta contra o demônio, o mundo e a carne, pois, como afirmou Montalembert, “longe de serem os conventos refúgio dos fracos, foram, pelo contrário, uma verdadeira arena para os fortes”.
Dois anos e meio depois, seus superiores autorizaram-no a transladar-se ao Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, a fim de separar-se ainda mais do próprio mundo, assaz inimigo da virtude, e para desapegar-se dos seus. Na nova moradia, situada no centro intelectual do jovem país, muito se abeberou Fernando das doutrinas e ensinamentos do autor da Regra, Santo Agostinho, e de outros Padres da Igreja. Adquiriu, ademais, um singular conhecimento das Sagradas Escrituras, base das suas futuras pregações. Foi também nessa cidade elevado à dignidade sacerdotal.
Vocação franciscana
Um novo impulso do Espírito Santo surgia no seio da Igreja, naquele tempo. Opondo-se ao luxo desregrado e ao apego aos bens materiais que começavam a desviar o espírito de Fé característico do homem medieval, levantaram-se varões como Domingos de Gusmão e Francisco de Assis, os quais increpavam os erros da época pela palavra e pelo exemplo, convidando os cristãos a retomarem o caminho do fervor através da prática da pobreza.
O zelo comunicado pelo Seráfico de Assis à Ordem dos Frades Menores foi tal que, apenas onze anos após a fundação, cinco de seus filhos morriam mártires no norte da África. A arrojada empresa missionária desses religiosos, irredutíveis na pregação da Fé de Cristo,acabou por suscitar a cólera do miramolim de Marrocos, que mandou executá-los.
Com grande pompa chegaram a Coimbra, em meados de 1220, os restos mortais desses heróis da Fé, sendo expostos à veneração dos fiéis na capela do Mosteiro de Santa Cruz. O fato soou para o Cônego Fernando como uma aprovação do Céu ao seu desejo de unir-se aos filhos de São Francisco no Convento de Santo Antônio de Olivares, aos quais muito admirava.
Obtida a licença dos superiores, o Cônego Fernando recebeu o hábito dos Frades Menores algum tempo depois, tomando o nome de Frei Antônio. Sob aquela pobre vestimenta, o brilhante sacerdote lisboeta sacrificava sem pesar o prestígio, as comodidades e a vasta cultura que possuía.
Renúncia à própria vontade
Decorridos apenas cinco meses de noviciado, conseguiu ser enviado para a terra que dera os primeiros mártires à Ordem Franciscana. Pensava ter chegado ao auge de sua peleja terrestre e já antegozava a palma do martírio. No entanto, a Providência queria dele uma luta mais longa e difícil, cujo primeiro passo consistia na inteira renúncia à própria vontade. Pouco depois de desembarcar em solo africano, fortes febres o acometeram, tornando-o incapaz de qualquer atividade, e o superior enviou-o de volta à Europa.
Na viagem de retorno, o navio foi arrastado por uma tempestade para as costas da Sicília. Após passar alguns meses no convento de Messina, Frei Antônio dirigiu-se a Assis, onde se realizaria um Capítulo Geral da Ordem, nas vésperas de Pentecostes de 1221, presidido pelo próprio São Francisco.
Encerrada a Assembleia, sendo ainda desconhecido no meio daquela multidão de frades, pediu ao Provincial de Romandiola que o acolhesse como subalterno, e passou a viver no Eremitério de São Paulo. Ignorando sua linhagem e formação, deram-lhe a função de ajudante de cozinha, a qual assumiu sem titubear. Deste modo, passou longos meses no mais completo anonimato, tendo por cela uma gruta e tudo aceitando sem a menor reclamação. Quem ousaria afirmar ser esta vitória sobre si mesmo inferior à alcançada pelos mártires do Marrocos?
Foi durante esse período de humilhação e apagamento que se deu o episódio da cerimônia de ordenação em Forli, narrado no início.
Pregador destemido
“Não devemos ficar calados diante do mal”. Bem poderíamos resumir com estas palavras do Papa Bento XVI as pregações do nosso santo. Dotado de devoção, eloquência e rara memória – conhecia de cor as Escrituras -, Frei Antônio atraía multidões às suas pregações. Destemido, não tinha receio de reprovar os erros de seus ouvintes, ainda que se tratasse de autoridades civis ou eclesiásticas.
Certa vez interpelou publicamente um Bispo que se adornava de forma vaidosa: “Tenho algo a dizer a ti que usas a mitra!”. E censurou-lhe suas faltas. O culpado derramou abundantes lágrimas e mudou de conduta. Também não hesitou em enfrentar o cruel governador Ezzelino, indo à procura dele em Verona.
Percebendo a profundidade teológica dos sermões de Frei Antônio e a santidade de sua conduta, os demais frades pediram autorização a São Francisco para que aquele irmão lhes ensinasse a sacra doutrina. Até então, o santo fundador havia se mostrado contrário a que os franciscanos se dedicassem aos estudos, com receio de se desviarem do carisma da Ordem e arrefecerem na vida espiritual. Todavia, conhecedor das virtudes desse seu filho espiritual, acedeu ao pedido dos frades, escrevendo ao santo: “Julgo conveniente que ensines a nossos irmãos a Sagrada Teologia; desde que eles não negligenciem, por este estudo, o espírito da santa oração, de acordo com a regra que professamos”.
Missão na França influenciada pela heresia
Pouco durou o magistério junto aos seus irmãos, pois, em 1224, o santo religioso foi enviado a pregar no sul da França, onde se alastrava a heresia cátara ou albigense. Durante três anos percorreu as cidades de Montpellier, Toulouse, Le Puy e Limoges, levando-lhes aluz da verdadeira Fé. De muitos dos seus ouvintes recebeu manifestações de sincero arrependimento; de outros, desprezo e zombaria, apesar de serem acompanhadas suas pregações por numerosos milagres.
Em Toulouse, por exemplo, um cátaro que persistia em negar a presença real de Cristo na Eucaristia propôs-lhe um desafio: durantetrês dias deixaria uma mula sem qualquer alimento, e a levaria depois para a praça pública, onde Frei Antônio lhe apresentaria a custódia com o Santíssimo Sacramento, enquanto o herege lhe ofereceria um monte de feno. Assim se fez e o animal, ainda que faminto, não provou o alimento sem antes fazer uma profunda reverência a Jesus Eucarístico. Muitos se converteram à vista de tamanho milagre.
Fidelidade ao carisma
Em 1227, Frei Antônio deixou definitivamente a França. Tendo sido convocado para um novo Capítulo Geral da Ordem, o primeiro a realizar-se após a morte do seráfico fundador, foi eleito Superior Provincial da Emilia-Romagna, região na qual o santo passaria os quatro últimos anos de sua vida.
A cidade de Pádua, sede do Provincialato, recebeu em abundância o calor de suas palavras e as manifestações de sua bondade para com todos. Com incansável solicitude visitou também Ferrara, Bolonha, Florença, Cremona, Bérgamo, Bréscia e Trento, levantando novos conventos, impondo hábitos aos noviços e, sobretudo, dando a todos o exemplo da santa pobreza. Deus havia retirado do mundo o Poverello, mas deixara a um “segundo Francisco” a tarefa de lutar para conservar a chama de sua obra.
Os benefícios de sua santidade não se circunscreviam ao âmbito dos frades menores, pois se estendiam a toda a população. Não havia igreja capaz de comportar as multidões – às vezes 20 mil fiéis – que acorriam para ouvi-lo. E o próprio Papa Gregório IX, após ouvir uma de suas pregações de Quaresma, chamou-o de “Arca do Testamento” e de “Escrínio das Sagradas Escrituras”.
Tantas atividades, contudo, eram entremeadas por períodos de recolhimento, nos quais restaurava, na contemplação, as forças para a ação. Encantava-lhe para isso o abençoado Monte Alverne, onde seu santo fundador recebera os sagrados estigmas, lugar grandioso epropício para o contato com o sobrenatural. Ali passou o inverno de 1228.
“Combati o bom combate”
As pregações da Quaresma de 1231 foram especialmente concorridas, pois há muito se espalhara não só a fama da eloquência, como também da santidade de Frei Antônio. Tal prestígio em nada perturbava sua humildade, já bem solidificada na alma. Costumava passar do púlpito para o confessionário, onde, com zelo extremo, colhia os frutos da pregação.
O fogo do Espírito Santo
O excerto de um dos sermões de Santo Antônio de Pádua traz até nós o ardor e a profundidade teológica das pregações do “Doctor Evangelicus”.
O que o fogo material faz com o ferro, faz o fogo do Espírito com o coração malvado, frio e endurecido. Pela infusão desse fogo, a alma aparta de si toda imundície, insensibilidade e dureza, e se transforma à semelhança d’Aquele que a inflamou. Para isso é dado ao homem, para isso lhe é infundido: que, quanto lhe seja possível, a ele se configure. Graças ao abrasamento do fogo divino, o homem torna-se totalmente incandescente, arde por inteiro e se dissolve no amor de Deus, como diz o Apóstolo: “O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5, 5).
Considera que o fogo, ao queimar as coisas altas, as diminui; aglutina o que está dividido, como o ferro com o ferro; clarifica as coisas obscuras; penetra nas duras; está sempre em movimento; dirige para cima todos os seus movimentos ou ímpetos, fugindo da terra; e envolve em sua própria ação (de queimar) todas as coisas por ele atacadas.
Estas sete propriedades do fogo podem ser aplicadas aos sete dons do Espírito Santo: pelo dom do temor, Ele abaixa as coisas altas, ou seja, humilha os soberbos; pelo dom da piedade, une as coisas divididas, isto é, os corações discordantes; pelo dom da ciência, esclarece as coisas obscuras; pelo dom da fortaleza, penetra nos corações endurecidos; pelo dom do conselho, está sempre em movimento, porque aquele que recebeu a inspiração não enlanguesce na ociosidade, mas se move com fervor para procurar a sua salvação e a de seu próximo, pois a graça do Espírito Santo não conhece esforços lentos e tardios; pelo dom do entendimento, influi em todos os sentimentos, porque com sua inspiração dá ao homem a capacidade de entender – isto é, de ler dentro, ler no coração – para buscar as coisas celestes e fugir das terrenas; pelo dom de sabedoria, transforma a mente, na qual se infunde, segundo sua própria operação, tornando-a capaz de saborear as coisas do espírito. Diz o Eclesiástico: “Perfumei minha habitação” (24, 21). (Excertos do Sermão 76 – Na festa de Pentecostes)
2024
Pentecostes
Pentecostes – A Obra do Espírito Santo
Solenidade de Pentecostes.
Antes de subir ao céu, Jesus Cristo havia recomendado ao seus Apóstolos que se recolhessem no Cenáculo e esperassem aí a vinda do Espírito Santo: “Eu enviarei sobre vós o Espírito Santo prometido por meu Pai. Entretanto, permanecereis na cidade, até que sejais revestidos da virtude do alto.” (Lc 24,49)
Foi então que os Apóstolos, permaneceram em Jerusalém – no Cenáculo – e puseram-se em oração com Maria, Mãe de Jesus, com os discípulos e as santas mulheres, à espera do Espírito Santo, que desceu sobre eles na festa de Pentecostes, nove dias após a Ascenção do Senhor.
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A descida do Espírito Santo
No dia de Pentecostes, lá pelas oito horas da manhã, produziu-se um forte vento acompanhado de um estrondo que encheu toda a sala onde estavam. Nisso apareceram línguas de fogo, semelhantes a chamas ardentes.
Essas chamas, contam algumas revelações, se uniram formando um globo de fogo que se colocou sobre a cabeça de Maria Santíssima. Foi daí que se dividiu em línguas, indo pousar sobre cada um dos Apóstolos.
Transformados num instante, com aquela efusão miraculosa da graça, os Apóstolos começaram a pregar o Evangelho às multidões que ouviam pasmos e se perguntavam: “Como é isso?! Homens não são galileus? Como é que nós os ouvimos todos falarem a língua da nossa terra? Há entre nós, Partos, Medos, Elamitas, Judeus, Capadócios, Mesopotâmicos, Asiáticos, Egípcios, Romanos, Celtas e Árabes, e todos nós ouvimos celebrar em nossas línguas as maravilhas de Deus !
Foi quando São Pedro tomou a palavra e começou seu primeiro sermão e neste mesmo dia, três mil homens creram em Jesus Cristo e receberam o Batismo. Estava, com isto, fundada a Igreja de Jerusalém, e milhares de vozes iam anunciar a todas as nações o nome de Jesus.
Obra do Espírito Santo
Assistimos aqui a uma mudança total dos Apóstolos, uma obra do Espírito Santo na alma deles. Essa transformação operou-se no espírito, na vontade e no coração deles.
O espírito precisava de verdade, a vontade necessitava de coragem e o coração precisa de amor.
O Espírito Santo os enche de verdade. Jesus lhes havia ensinado as verdades, mas reservou a coroação da sua obra para o Espírito Santo. Eis porque os Apóstolos, pela vinda do Espírito Santo, compreenderam melhor o que Jesus lhes ensinara, adquiriram as novas ciências, que exigiam a sua nova situação de propagadores da Igreja.
O Espírito Santo lhes deu coragem. Conhecemos a fraqueza dos Apóstolos. Estavam cheios de boa vontade e de sinceridade, porém todos eram vacilantes, medrosos, sem energia. Basta lembrar que São Pedro negou a Cristo três vezes., ou dos discípulos de Emaús que fugiam de Jerusalém.
Com efeito, depois de Pentecostes nada mais deste medo existia. Pregaram em toda parte, e diziam aos chefes dos judeus, que pretendiam amedrontá-los com ameaças e castigos: Não podemos calar-nos!
O Espírito Santo é amor. Amavam o divino Mestre, não havia dúvida. Mas, quanto egoísmo havia naquele amor! Mas eis que o Espírito Santo, sob a forma de línguas de fogo, soprou sobre eles e seus corações arderam e as palavras que diziam eram inflamada pois pregavam o amor de seu divino Mestre.
Nosso Senhor depositou no coração dos Apóstolos este fogo divino, e o Espírito Santo, soprando sobre eles, produziu estas chamas ardentes que deverão abrasar o mundo inteiro.
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Conclusão
Oh! Como precisamos da festa de Pentecostes, para que estas mesmas transformações se operem em nós. Somos tão vacilantes no espírito, como o somos na vontade e no amor.
Precisamos de convicção religiosa, de luz para o espírito, para compreendermos melhor a grandeza, a beleza de nossa fé.
De fato, precisamos de coragem para a nossa vontade enfraquecida pelo mundo e pelo pecado. Somos fracos diante das tentações e não pedimos forças para vencê-las.
Precisamos deste puro amor, e não um amor egoísta. Amar é doar-se, esquecer-se de si mesmo, para agradar a quem ama.
Enfim, imploremos ao Espírito Santo, que desça sobre nós, como desceu sobre os Apóstolos e opere em nós as mesmas transformações. Mas notemos bem, que tal graça foi concedida aos Apóstolos, enquanto perseveravam na oração, juntos com a Mãe de Jesus.
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2024
Ascensão do Senhor
Ascensão do Senhor
E disse-lhes: “Assim está escrito que o Cristo devia padecer e ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, e que em seu nome havia de ser pregado o arrependimento e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas destas coisas. Eu vou mandar sobre vós o Prometido por meu Pai. Entretanto, permanecei na cidade até que sejais revestidos da força do Alto”. Depois, levou-os até junto de Betânia e, levantando as suas mãos, abençoou-os. E enquanto os abençoava, separou-Se deles e era levado para o Céu. Eles, depois de O adorarem, voltaram para Jerusalém com grande alegria, e estavam continuamente no Templo louvando a Deus (Lc 24, 46-53).
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A Igreja celebra a Solenidade da Ascenção do Senhor quarenta dias após a Ressurreição. No Brasil, é transferida para o domingo seguinte.
O Senhor subiu aos céus, onde Ele está sentado à direita do Pai, conforme professamos no Credo. Esta celebração litúrgica tem origem no século IV, no Oriente, instituída por São Gregório de Nissa e, mais tarde, por São João Crisóstomo.
Após a sua Ressurreição Jesus conviveu durante 40 dias com seus apóstolos e discípulos. Após este período ocorreu a ascensão, o último ato visível de sua vida terrena. Ela aconteceu no Monte das Oliveiras. Nosso Senhor subiu aos céus diante de seus apóstolos, que contemplaram extasiados o Divino Mestre os abençoava enquanto subia para o Pai.
Todos continuavam então olhando para o céu, e sentiam a tristeza da partida. Foi quando, diante deles, dois homens vestidos de brancos os consolaram dizendo: “Homens da Galileia, por que estais admirados, olhando para o céu? Este Jesus há de voltar do mesmo modo que o vistes subir” (At 1,10-11).
Na Solenidade da Ascensão do Senhor de 2005, o então Papa Bento XVI tomava posse como Bispo de Roma na Basílica de São João de Latrão. Esta foi, de fato, a oportunidade de uma de suas belas catequeses.
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O que nos quer dizer então a Festa da Ascensão do Senhor? Não nos quer dizer que o Senhor foi para um lugar distante dos homens e do mundo. A Ascensão de Cristo não é uma viagem no espaço em direção aos astros mais remotos; porque, no fim, também os astros são feitos de elementos físicos como a Terra.
A Ascensão de Cristo significa que Ele não já pertence ao mundo da corrupção e da morte que condiciona a nossa vida. Significa que Ele pertence completamente a Deus. Ele o Filho Eterno guiou o nosso ser humano até à presença de Deus, levou consigo a carne e o sangue numa forma transfigurada.
O homem encontra espaço em Deus; através de Cristo, o ser humano foi conduzido até ao interior da própria vida de Deus. E dado que Deus abraça e ampara toda a criação, a Ascensão do Senhor significa que Cristo não se afastou de nós, mas que agora, graças ao Seu ser com o Pai, está próximo de cada um de nós, para sempre. Cada um de nós pode chamá-Lo por tu; todos os podem chamar.
O Senhor ouve-nos sempre. Podemos afastar-nos dele interiormente podemos viver voltando-lhe as costas. Mas Ele espera-nos sempre, e está sempre perto de nós.
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A Ascensão é uma solenidade pascal que abre o período de preparação para Pentecostes. Isto foi explicado por São João Paulo II no dia 30 de Maio de 1979 durante uma audiência geral:
Ano após ano, festeja a Igreja na sua liturgia a Ascensão do Senhor (…) Ano após ano, também esse período de dez dias, que decorre da Ascensão até ao Pentecostes, é passado em oração ao Espírito Santo. Em certo sentido a Igreja prepara-se, ano após ano, para o aniversário do Seu nascimento.
Ela — como ensinam os Santos Padres — nasceu na Cruz sexta-feira santa; e revelou este seu nascimento diante do mundo, no dia do Pentecostes, quando os Apóstolos foram revestidos com a força lá do Alto (Lc. 24, 49), quando foram batizados no Espírito Santo (Act. 1, 5). “Onde está a Igreja, aí está também o Espírito de Deus; e onde está o Espírito de Deus, aí está a Igreja e toda a graça: o Espírito é verdade (Santo Irineu).
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2024
Os discípulos de Emaús
Os discípulos de Emaús
O desânimo que fecha nossos olhos para Deus
Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos de Jesus iam para um povoado chamado Emaús, distante onze quilômetros de Jerusalém. Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. Os discípulos, porém, estavam como que cegos, e não o reconheceram. Então Jesus perguntou: “Que ides conversando pelo caminho?” Eles pararam, com o rosto triste, e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: “Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes últimos dias? Ele perguntou: “Que foi?”
Os discípulos responderam: “O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e diante de todo o povo. Nossos sumos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Nós esperávamos que ele fosse libertar Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que Jesus está vivo. Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém o viu”.
Os dois discípulos fugiam de Jerusalém após a Morte de Nosso Senhor. Podemos observar que eles estão envoltos em trevas. São dominados pela tristeza, e sua fé está abalada. Quando encontram Jesus no caminho eles mesmos confirmam isso, eles não acreditam na ressurreição.
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Eles estão vacilando na fé, pois, se observarmos, em nenhum momento eles dizem ao “forasteiro” que Jesus era o Filho de Deus, eles apenas dizem: “Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras”.
Será que não parecemos com estes discípulos? Quando nos vem um momento difícil, esquecemos que Cristo é Deus, que pode tudo, e passamos a contar apenas com os aspectos humanos de nossa vida? Reduzimos o poder de Deus. Não é verdade também, que muitas vezes Cristo se apresenta no caminho de nossa vida, mas, por causa de nosso trabalho, nossas ocupações, nossas tristezas, nossa pouca fé, nós não o reconhecemos?
Não estava ardendo nossos corações?
Então Jesus lhes disse: “Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! Será que o Cristo não devia sofrer tudo isso para entrar na sua glória?” E, começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicava aos discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele.
O que será que passou na mente dos discípulos enquanto Jesus falava? Não sabemos, apenas temos o que os próprios caminhantes comentam, que “seus corações ardiam”. Mesmo assim, eles não reconhecem Jesus. Talvez tenham achado que aquele desconhecido fosse alguém muito instruído na fé, um culto, um sábio.
Conosco não ocorre o mesmo? As vezes decerto recebemos um conselho de um sacerdote durante a confissão, durante uma conversa, ou ouvimos um sermão, uma homilia. E é um recado de Deus para nós que diz: “Não se afaste de Jerusalém, não fuja para Emaús! Eu vou ressuscitar”, mas nós não levamos em conta e preferimos acreditar que aquele sacerdote estudou muito e é baste culto.
Quando chegaram perto do povoado para onde iam, Jesus fez de conta que ia mais adiante. Eles, porém, insistiram com Jesus, dizendo: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Jesus entrou para ficar com eles.
“Ficai conosco”, que pedido maravilhoso. Podemos repetir ele hoje em dia. “Ficai conosco Senhor, pois se faz trevas sobre o mundo”. Continuai conosco pois temos medo de nossos pecados, de nossas faltas. Ficai conosco porque não sabemos o caminho de volta para a casa paterna e já está tarde, a noite vem chegando.
Será que acontece comigo?
Você alguma vez sentiu que precisava que Deus estivesse com você? Pois bem, Ele estava, mas você não viu. Talvez por uma infidelidade, por uma cegueira, enfim. Mas o fato é que Deus jamais nos abandona, somos nós que o abandonamos.
Quando se sentou à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e lhes distribuía. Nisso os olhos dos discípulos se abriram e eles reconheceram Jesus. Jesus, porém, desapareceu da frente deles.
Os discípulos de Emaús, durante o caminho, julgavam que o caminhante desconhecido era um bom conhecedor das escrituras, apenas isso. Contudo, quando, sentados à mesa, o desconhecido partiu o pão, eles viram através daquele gesto inefável uma realidade, o Mestre crucificado a três dias estava vivo.
Então, a quanto tento não me confesso? A quanto tempo não comungo e vejo Cristo?
Se temos algum problema, devemos recorrer a Ele pois é para isso que Ele está presente no Santíssimo Sacramento até a consumação dos tempos.
O que me falta então para procurar este amigo que abandonei? Coragem para pedir perdão? Forças para voltar o caminho? O que me falta?
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Então um disse ao outro: “Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?” Naquela mesma hora, eles se levantaram e voltaram para Jerusalém onde encontraram os Onze reunidos com os outros. E estes confirmaram: “Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!” Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão.
Quando reconheceram Cristo ressuscitado, voltaram correndo para Jerusalém. Era tarde, a distância era de 11 quilômetros, mas eles não se importaram. Por que? Porque seus corações ardiam de amor. Eles haviam se aproximado do Cristo, ouvido o Cristo, isso os alimentou.
Se eu estou fugindo da minha Jerusalém, se eu estou perdido pelo caminho, o que devo fazer?
Ouvir a Jesus que me diz palavras doces, escuta minhas súplicas, e parte o pão para mim. Ele me ouve e me aconselha no confessionário, ele me dá forças na comunhão, na adoração. Parte o pão da palavra e da Eucaristia. Isto me dá forças para sair da minha Emaús, da minha falta de esperança, do meu desespero, e correr para Jerusalém e ver que, de fato, nesta páscoa, Cristo ressuscitou e me Ama.
Uma Santa e abençoada páscoa para todos os nossos leitores.
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2024
Sua cruz é pesada?
Sua cruz é pesada?
No dia 14 de setembro, a Igreja comemora a festa da Exaltação da Santa Cruz! Neste dia recordamos que a finalidade de nossa vida é o encontro de Jesus. Sem dúvida, em cada dia, em cada ação, devemos encontrar Jesus, como devemos encontrá-lo no fim de nossa peregrinação terrestre.
Logo depois celebramos o dia de Nossa Senhora das Dores, e um pergunta surge: por que Deus permitiu os sofrimentos de sua Mãe? De uma Mãe que tão ternamente amava, que era sem pecados, e que nada tinha que expiar por si mesma?
Jesus amava sua Mãe
Jesus deixou a glória do céu para sofrer na terra. Então, é necessário que, aqueles que o amam, amem também seus sofrimentos. Amar é dar! Jesus deu-se inteiramente a Maria e este Jesus inteiro, é Jesus sofredor, Jesus na Cruz. O sofrimento de Maria Santíssima corresponde ao amor que Deus lhe dedicou.
Nossa Senhora deu o exemplo
O exemplo que Nossa Senhora deu ao mundo é outra razão de suas dores.
Muitas vezes o sofrimento traz ao homem certa desconfiança de Deus, uma surda revolta, um quase desespero. Mas quando sofremos por amor, o efeito é o contrário: ele produz a confiança em Deus, porque é Pai, a obediência, porque é Mestre e amor, porque é Redentor.
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A dor perde os maus, porém, santifica os bons. Isso, porque nos custa aceitar o sofrimento. Para nos facilitar esta aceitação amorosa, Deus nos deu Maria como modelo. Nossa Senhora, com seu coração trespassado por uma espada de dor nos ensina que, qualquer que seja a intensidade e a extensão de nossa dor, podemos olhar para Nossa Senhora e dizer: Ela sofreu isso, com muito mais intensidade do que eu!
Origem das dores de Nossa Senhora
Nossa Senhora tem um conhecimento claro do que é o pecado. Ela havia sido escolhida por Deus para ser a corredentora do gênero humano. O Redentor veio expiar e reparar o pecado, o qual conhecia a fundo, em toda a sua maldade e perversidade.
Foi a vista do pecado que arrancou do Sagrado Coração de Jesus o suor de sangue que manchou a terra do Jardim das Oliveiras. Foram os espinhos do pecado que lhe perfuraram a cabeça e os açoites da perversidade que lhe rasgaram o corpo.
De fato, foi o peso do pecado que o derrubou por terra e foi a crueldade do pecado que o pregou na cruz e abriu o peito.
Pois bem, Maria via o que os olhos dos pecadores não podiam ver: a visão hedionda do pecado do mundo inteiro pesando sobre os ombros de Jesus e fazendo-o vergar sob o peso de sua maldade. Maria via a grandeza de Deus ofendido, como via a maldade do homem revoltado.
Não nos contentemos com uma visão sumária das dores de Nossa Senhora. Nosso olhar enxerga apenas os sofrimentos humanos; é preciso ir ao fundo destas dores para medirmos a razão que as motivaram e de quais fontes emanaram. Tanto as razões, quanto as fontes, foram divinas.
Assim, são três razões, que são três abismos: O amor de Jesus por Maria, o aumento dos méritos da Virgem Maria e seu exemplo para a humanidade.
Essas três razões são alimentadas por três fontes: Maria quereria poder morrer com Jesus, e esta felicidade lhe era tirada. Queria aliviar as dores de seu Filho, e esta consolação lhe era recusada. Vê o horrível pecado matar seu Filho, e não pode afastá-lo.
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Ó vós que passais pelo caminho
Que abismo insondável!
Como a Igreja tem razão de colocar nos lábios da Virgem Dolorosa este texto do profeta Jeremias: “Ó vós todos que passais pelo caminho, parai e vede, de a há dor semelhante a minha dor”
Leitor, nós, da Associação Cultural e Artística Nossa Senhora das Graças lhe perguntamos: você já sabe qual será sua cruz de hoje?
Mas pouco importa! Seja ela qual for, desde que seja Jesus que nos apresente esta cruz é santa e santificadora. Em qualquer passo da vida, em que você se sinta abandonado, e acreditando que a cruz está pode demais pesada, lembre-se de Nossa Senhora das Dores e assim você terá forças para seguir adiante, pois ela é Mãe, Mãe que se preocupa com seus filhos e carrega com eles a cruz de cada dia! E vem a reflexão: a sua cruz é pesada?
Em suma, Maria é o nosso modelo. Ela, enquanto Nossa Senhora das Dores é um exemplo que nos diz que, para encontrar Jesus glorioso, é preciso antes encontra-Lo sofredor. Para partilhar das consolações e do triunfo, é preciso antes partilhar o peso e o sofrimento da Cruz.
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2024
Domingo de Ramos
Domingo de Ramos, início das dores
Com a Encarnação do Verbo a obra das trevas conheceu sua ruína. E o confronto entre o bem e o mal encontrará sua arquetipia, até o fim dos tempos, na luta implacável de Nosso Senhor contra os escribas e os fariseus, narrada longamente por todos os evangelistas. O maldito filão do mal encontrou diante de si um Varão que fundou uma Instituição para combatê-lo, o Homem-Deus diante do qual foi obrigado a ouvir as verdades mais contundentes e penetrantes, a ponto de ser-lhe arrancada a máscara da hipocrisia, aos olhos de todo o povo.
Na Liturgia do Domingo de Ramos vamos assistir ao desfecho dessa luta. Nesse dia a Igreja comemora, ao mesmo tempo, as alegrias da entrada triunfal de Nosso Senhor Jesus Cristo em Jerusalém e o início de sua Via Sacra, com a proclamação da Paixão no Evangelho da Missa. Abre-se, assim, a Semana Santa, talvez o período do Ano Litúrgico mais cogente, durante o qual as principais celebrações se sucedem, convidando-nos a considerar com especial fervor os acontecimentos que constituem o cerne de nossa Redenção.
Entrada triunfal em Jerusalém
Entre os numerosos milagres realizados pelo Divino Mestre, nenhum produzira tanta comoção em Israel quanto a ressurreição de Lázaro (cf. Jo 11, 1-44). A uma simples ordem, o morto de quatro dias saíra do túmulo andando, em perfeita saúde. Por evidenciar de forma tão grandiosa o poder divino de Jesus, o prodígio ocasionou um forte surto de fervor popular e muitos judeus passaram a crer n’Ele. Em contrapartida, tal fato acirrou ao extremo o ódio dos pontífices e fariseus. Reunido o Sinédrio, deliberou este acerca dos meios para fazer cessar a crescente fama de Nosso Senhor e, “desde aquele momento, resolveram tirar-Lhe a vida” (Jo 11, 53).
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O Redentor, que tudo sabia, já tinha conhecimento desta decisão oficial do Sinédrio quando começou a viagem de volta à Cidade Santa, nas vésperas das comemorações da Páscoa. No caminho Ele advertira os discípulos a esse respeito, ao anunciar-lhes pela terceira vez a Paixão: “Eis que subimos a Jerusalém e o Filho do Homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas; condená-Lo-ão à morte e entregá-Lo-ão aos gentios” (Mc 10, 33).
Contudo, nada fez para impedir a afluência das pessoas que acorriam ao seu encontro e passavam a segui-Lo durante o percurso. Eram israelitas em sua maior parte, os quais também se dirigiam ao Templo para celebrar a Páscoa, de modo que, quanto mais se aproximava da cidade, maior se tornava o número dos que O acompanhavam. Saindo de Jericó, por exemplo, registra São Mateus que uma grande multidão O seguiu” (20, 29), e São João menciona outra “grande multidão de judeus” (12, 9) que se concentrou em Betânia ao saber que Jesus ali havia chegado. Toda essa gente foi com Ele a Jerusalém, pelo que “bem se pode supor que formavam o cortejo várias centenas, e até mesmo milhares de pessoas.
É precisamente a essa altura do percurso, nas proximidades de Betânia e Betfagé, que se inicia o trecho de São Lucas recolhido para o Evangelho da Procissão do Domingo de Ramos do Ano C.
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Os louvores começaram logo que Nosso Senhor montou o jumentinho, ainda na estrada. À sua passagem o povo ia estendendo os mantos no chão e completava esse improvisado tapete com ramos colhidos das árvores (cf. Mt 21, 8; Mc 11, 8). Quando já se podia divisar o Templo — o que, segundo indicação precisa de São Lucas, corresponde a “perto da descida do Monte das Oliveiras” —, a multitudinária procissão irrompeu em exclamações e brados de alegria: “Bendito o Rei, que vem em nome do Senhor! Paz no Céu e glória nas alturas!”.
Tal movimentação pôs em alvoroço a cidade, que regurgitava de peregrinos vindos de todas as regiões da Palestina, os quais, saindo ao encontro de Jesus com ramos de palmas nas mãos, uniram-se à caravana, para também aclamá-Lo (cf. Jo 12, 12-13).
Esse cortejo triunfal — mas quão modesto para Aquele que é Rei e Criador do universo! — realizava literalmente a profecia messiânica de Zacarias: “Dança de alegria, cidade de Sião; grita de alegria, cidade de Jerusalém, pois agora o teu rei está chegando, justo e vitorioso. Ele é pobre, vem montado num jumento, num jumentinho, filho de uma jumenta” (9, 9).
Inteira conformidade com a vontade do Pai
Ora, até então Nosso Senhor sempre evitara qualquer homenagem ostensiva à sua realeza, impondo silêncio àqueles que reconheciam n’Ele o Salvador. No momento em que o povo quis proclamá-Lo rei, logo após a primeira multiplicação dos pães, Ele Se havia esquivado, retirando-Se sozinho para um monte (cf. Jo 6, 15). Na entrada em Jerusalém neste dia, pelo contrário, aceitou com inteira naturalidade as honras e aplausos. Tal atitude, além de permitir que as pessoas por Ele beneficiadas manifestassem sua gratidão de maneira formal, tinha em vista também a Paixão, pois era preciso ficar notório e testemunhado pelo próprio povo que o Crucificado era o descendente de Davi por excelência, o Messias esperado.
Vemos aqui ressaltada a plena conformidade de Nosso Senhor com a vontade do Pai.
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Quando Lhe foi pedido o apagamento, o Divino Redentor o abraçou por completo: nasceu numa Gruta da pequena Belém e recebeu tão somente a adoração dos pastores e dos Magos vindos de terras longínquas. A única reação de Jerusalém à notícia de seu nascimento fora a perturbação (cf. Mt 2, 3), e nenhum de seus habitantes saíra à procura do rei dos judeus recém-nascido para Lhe prestar homenagens.
Entretanto, chegado o momento propício de sua glorificação pelos homens, Ele acolheu com benevolência os brados que O proclamavam Rei de Israel, assim como, durante anos, aceitara ser chamado de “filho do carpinteiro” (Mt 13, 55).
Na resposta à insolente interpelação dos fariseus pedindo-Lhe que censurasse seus aclamadores, Jesus deixou bem claro ser esse triunfo a realização de um desígnio divino, o qual se cumpriria mesmo se os homens se negassem a louvá-Lo: “Eu vos declaro: se eles se calarem, as pedras gritarão”.
Triunfo prenunciador da Paixão
Um detalhe da cerimônia litúrgica indica outro aspecto do Domingo de Ramos, sem o qual não nos seria possível entender seu significado mais profundo: o sacerdote celebra revestido dos paramentos vermelhos, cor própria à comemoração dos mártires.
Devido à sua personalidade divina, para Nosso Senhor tudo é presente, tanto o passado quanto o futuro. Por conseguinte, Ele via que dentro de alguns dias, uma vez mais, estrugiriam nas ruas de Jerusalém brados bem diferentes dos que então O reconheciam como Filho de Davi. Diante de Pilatos, o populacho vociferaria pedindo sua crucifixão e a libertação do vulgar bandido, Barrabás.
Os pintores católicos que reproduziram a cena apresentam Nosso Senhor recebendo com certo bom grado aquela homenagem, mas com um fundo de tristeza e ao mesmo tempo de severidade, porque Ele compreendia o que aquilo tinha de vazio, e que o povo que O aclamava, sem pensar nisso, reconhecia a sua própria culpa. […] Ele desfila bondoso e triste; Ele sabe o que O espera.
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O triunfo de Jesus em Jerusalém não era senão o prenúncio de seu martírio na Cruz. Os evangelistas, sempre muito sintéticos, tiveram especial diligência ao consignar a Paixão de Cristo, acontecimento de importância ímpar na História. É por isso que o Evangelho da Missa deste domingo excede em extensão o habitual dos demais, o que impossibilita comentar cada um de seus versículos no exíguo espaço de um artigo. Façamos, então, uma reflexão que nos coloque na adequada perspectiva para contemplar as maravilhas oferecidas pela Liturgia do Domingo de Ramos, de modo a obtermos os melhores frutos para nossa vida espiritual.
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2024
O pai de Jesus Cristo
O pai de Jesus Cristo
Quem foi São José? O pai de Jesus Cristo
A História não registra os feitos heróicos de São José. O próprio Evangelho é muito parco quando o tema é o esposo da Virgem Maria. Entretanto, acima dele só Jesus e Maria!
Abaixo dele estão todos os homens, até mesmo os maiores patriarcas e profetas, santos e justos. Um homem singular e privilegiado.
Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Deus, e Esposo castíssimo de Maria, Mãe de Deus. Não é possível acrescentar mais nada. Este é São José.
Esposo da Virgem Maria
O Santo Patriarca fora predestinado por Deus. Com efeito, Jesus deveria nascer de uma Virgem e esta Virgem Puríssima seria esposa do castíssimo e santo José. “O anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José” (Lc 1, 26-27)
Estas simples palavras do Evangelho definem São José, sua missão na terra e seus privilégios. Você já parou para pensar que o Anjo anunciou à Virgem o mistério da encarnação, e este mistério está ligado ao nome de São José?
Era o esposo virginal da Mãe de Deus, Seria o pai adotivo, o guarda o sustentáculo do Salvador do mundo. Seria Pai daquele que é Pai das criaturas, amparo de quem amparou o universo. Este é São José!
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José, o Justo! José, o Pai de Jesus!
O Evangelho define José, O Justo! “José como era justo…” E esta definição lhe deu a maio gloria, o título e privilégio que o fez o maior dos Santos, Pai do Filho de Deus.
Todos os santos se gloriam de serem servos de Deus, servos de Jesus. Entretanto, São José é o único que pode se dizer “Pai de Deus, Pai de Jesus”. Certamente, este é seu maior título.
Os Evangelhos narram que o povo, que não sabia do mistério da encarnação, considerava Jesus como sendo filho de José. Santo Agostinho diz que o povo pensava ter Nosso Senhor nascido como os demais homens e por isso chamavam-no “Filho de Jose”.
Entretanto, é importante observar que os Evangelistas chama José de Pai de Jesus. “Seus pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa.” (Lc 2, 41). E Nossa Senhora ao encontra-lo no Templo diz: “Meu filho, que nos fizeste?! Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição” (Lc 2, 48)
Sempre São José é tratado como pai de Jesus. E Jesus foi obediente a ele por 30 anos, chamando-o de pai. Por isso devemos chama-lo de pai de Deus, pai virginal, não carnal, uma vez que Maria Imaculada concebeu e foi mãe de Deus por obra do Espírito Santo.
Jesus nos ensinou a chamarmos Deus de Pai. Na terra, os pais são uma sombra do Eterno Pai, portanto, São José é a sombra do Eterno Pai, a imagem do Pai de quem procede o Filho, Jesus Cristo. Pai putativo, genealógico, jurídico, adotivo, eletivo, nutrício, virginal, afetivo. Enfim… Pai.
São Francisco de Sales e São José
O Grande São Francisco de Sales escreveu: Tendo Deus Nosso Senhor destinado desde toda eternidade que uma Virgem concebesse um Filho e este seria Deus e Homem, quis que esta Virgem fosse casada. Ó, como foi doce a união entre Nossa Senhora e São José! União que fazia com que aquele bem dos bens que é Jesus Cristo, pertencesse a São José como pertencia a Maria. Não segundo a natureza, mas, segundo a graça, que o tornaria participante de todos os tesouros de sua casta esposa.
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Jesus, Maria e José
De fato, são três corações inseparáveis, uma família completa, Jesus, Maria e José! O padre Cornélio a Lápide diz: “Era uma família celestial na qual o chefe e Pai de família era São José, Mãe de família era a Virgem e o filho era Jesus.
O Pai Eterno deu a José os direitos de Pai sofre o seu Filho Unigênito e assim o fez participar da Paternidade divina. O Filho de Deus o chamou Pai e o Espírito Santo o escolheu para esposo de sua Esposa. Depois de Nossa Senhora, não há criatura mais unida à Santíssima Trindade que São José.
Peçamos por todos os pais, por suas famílias. Que estes corações santos de Jesus, Maria e José que Deus uniu e não podem se separar nos ajudem a nunca nos separarmos do amor de Deus.
Ajude-nos a fazer o bem!
Nossa Associação desenvolve projetos sociais com a juventude, de norte a sul do país. Sua ajuda permitirá que este bem não pare de avançar! Assim, clique e faça uma doação.
2024
Domingo Laetare
Domingo Laetare
No quarto domingo do tempo comum da Quaresma, a Santa Igreja prepara para os fiéis uma pausa no roxo sempre presente. É o Domingo Laetare, ou domingo da alegria, onde todos os elementos estarão voltados para o prenúncio da Páscoa.
Disposição da Liturgia
Começando com as leituras, salmos e evangelho no domingo Laetare: a Santa Igreja propõe que comtemplemos o povo de Israel acampado à beirada da Terra de Canaã, da Terra Prometida. É quando Josué faz um lindo discurso narrando as maravilhas que os pais dos ali presentes passaram quando atravessaram o Mar Vermelho e se puseram em peregrinação rumo à Terra que o Senhor quis lhes dar.
Neste trecho percebe-se a alusão à nossa vida: estamos também no limiar de nossa própria passagem, de nossa Páscoa, pois já entraremos na Semana Santa, Semana de sacrifício, mas também de glória.
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O salmista cantará a felicidade de ter sido salvo pelo Senhor: “A minha alma gloria-se no Senhor: escutem e alegrem-se os humildes. Enaltecei comigo ao Senhor e exaltemos juntos o seu nome”. Ou seja, mesmo sendo pequenos em comparação com o Todo-Poderoso, Ele está sempre disposto a nos perdoar: “Voltai-vos para Ele e ficareis radiantes, o vosso rosto não se cobrirá de vergonha”.
São Paulo vai tratar sobre a reconciliação, sobre uma nova fase, uma nova vida. No Evangelho, a parábola do Filho Pródigo será o suprassumo perdão, onde vemos um pai aflito, um filho perdido, e uma angústia: “Ele voltará?” E quando este retorna, sabemos da comemoração feita pelo Pai, pois, segundo a própria descrição de Cristo: “Tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado”.
Disposição do Ambiente
Para esta festa da alegria e do perdão, a Santa Mãe Igreja permite que certo regozijo volte à Santa Celebração. Em primeiro lugar, temos as exuberantes flores que não apareciam no altar. No quarto domingo da Quaresma, ou Domingo Laetare, todo o presbitério estará colorido com lindos arranjos.
Os instrumentos também brilharão, contentes de soarem novamente. O coro preparará músicas mais exultantes, ao contrário do simples órgão que soava nas Santas Missas da Quaresma.
Outra disposição permitida nos Ritos Santos da Missa será as cores dos paramentos: o roxo da penitência se suaviza com a banco da alegria, gerando o rosa do domingo Laetare. Ele estará presente também no véu que cobre o Cálice. Por último, algumas restrições ainda se mantém: não se canta o “Glória a Deus”, nem se faz ouvir o “Aleluia” antes do Evangelho. Ainda estamos a caminho da alegria eterna, simbolizada pela Ressurreição de Cristo na Páscoa.
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Disposição dos fiéis
Para cada um em particular, a Santa Igreja deseja que, com tantos elementos de alegria e perdão, o fiel descanse sua alma das dificuldades da penitência. Isso não significa abandoná-la; é como um viajante em uma complicada estrada: hoje é o dia de se sentar à beira da estrada e contemplar o panorama. Sorver um pouco do ar puro da Misericórdia de Deus, deixando, em segundo plano, o cogitar nas agruras do passado, nas complicações do futuro. Hoje é dia de agradecer tantos retornos à casa do Pai, e de todas as vezes que Ele nos recebe, alegre.
Por último, não esqueçamos de transmitir essa mesma alegria aos que nos rodeiam. É hora de ser mais generoso, mais dedicado, menos exigente ou insensível; Deus nos dá tantos benefícios: por que não os estender aos que, como nós, também os necessitam?
Que Nossa Senhora abençoe o Domingo Laetare de cada um, e faça desta celebração uma digna entrada para os futuros mistérios que iremos vivenciar: a paixão de Cristo. Afinal, incauto seria o viajante que, extasiado pelas alegrias que o cercam, esquecesse de trilhar o caminho.
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